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ESTADO DA NAÇÃO 2022
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COVID-19: efeitos contidos no mercado de trabalho, profundos e de longo prazo na educação _

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COVID-19: efeitos contidos no mercado de trabalho, profundos e de longo prazo na educação _

Os efeitos da covid-19 na educação comprometem o futuro profissional individual e o crescimento do país

Em 2021, após dois anos de pandemia, o emprego situava-se acima dos valores de 2019, mas não entre os jovens. A estrutura do mercado de trabalho mudou e aumentou a procura por competências digitais. Na educação, os efeitos negativos fizeram-se sentir em diferentes fases da vida.

3.1 _ A COVID-19 AFETOU A AQUISIÇÃO E O REFORÇO DE COMPETÊNCIAS EM DIFERENTES FASES DE VIDA
3.2 _ A RESPOSTA DO MERCADO DE TRABALHO AO CHOQUE PANDÉMICO FOI MAIS RESILIENTE DO QUE O ESPERADO
3.3 _ A PANDEMIA PROMOVEU A RECOMPOSIÇÃO DA ESTRUTURA DO EMPREGO
3.4 _ O MERCADO DE TRABALHO FICOU MAIS EXIGENTE E AUMENTOU A PROCURA POR TODO O TIPO DE COMPETÊNCIAS, SOBRETUDO AS DIGITAIS

3.1 _ A COVID-19 AFETOU A AQUISIÇÃO E O REFORÇO DE COMPETÊNCIAS EM DIFERENTES FASES DE VIDA

3.1 _ A COVID-19 AFETOU A AQUISIÇÃO E O REFORÇO DE COMPETÊNCIAS EM DIFERENTES FASES DE VIDA
3.2 _ O MERCADO DE TRABALHO FOI MAIS RESILIENTE DO QUE O ESPERADO
3.3 _ A PANDEMIA PROMOVEU A RECOMPOSIÇÃO DA ESTRUTURA DO EMPREGO
3.4 _ O MERCADO DE TRABALHO FICOU MAIS EXIGENTE E AUMENTOU A PROCURA POR TODO O TIPO DE COMPETÊNCIAS, SOBRETUDO AS DIGITAIS

O impacto da pandemia nas competências compromete o crescimento económico

As regras de contenção como resposta à COVID-19 que foram sendo impostas ao longo dos meses e a própria reação do mercado de trabalho têm implicações significativas para as competências dos portugueses.

Estas implicações estendem-se a diferentes fases do ciclo de vida – crianças no pré-escolar, crianças em idade escolar, adolescentes, conclusão de ciclos educativos, transição para o ensino pós-secundário, transição para o mercado de trabalho para os que terminam ciclos educativos e participação na aprendizagem ao longo da vida – e afetaram a aquisição e o reforço de competências.

Embora ainda não existam dados que permitam apontar de forma taxativa o real impacto da COVID-19 nas competências, é certo que existiram perdas de aprendizagens. Um estudo da OCDE associou perdas de aprendizagem teóricas ao rendimento individual e ao crescimento económico dos países [8]. Perdas de aprendizagens equivalentes a um terço de um ano letivo, resultam numa diminuição de rendimentos ao longo da vida na ordem dos 2,6% e num crescimento económico até ao fim do século 1,5% menor.

As medidas tomadas foram insuficientes para colmatar o encerramento das escolas

O impacto da pandemia na educação fez-se por várias vias, mais ou menos diretas. O primeiro efeito direto na pandemia foi o encerramento das escolas durante os confinamentos. Apesar do número de dias de encerramento das escolas em Portugal ter sido inferior ao da média da OCDE, Portugal foi um dos poucos países em que a duração do encerramento do ensino primário não é inferior ao do ensino secundário.

As comparações internacionais mostram que os países com pior performance no PISA tenderam a optar por encerramentos mais prolongados.

O encerramento das escolas implicou uma adaptação brusca do sistema educativo a uma nova realidade. Das várias possibilidades de adaptação, o recurso ao ensino à distância e o ajustamento dos calendários escolares e dos exames acabaram por ser as opções mais comuns na maioria dos países, Portugal incluído. No entanto, estas medidas foram insuficientes para colmatar a suspensão do ensino presencial. Em primeiro lugar, os ajustes no calendário, com redução de alguns tempos de férias, não compensaram o número de dias de encerramento. E, em segundo lugar, a opção pelo ensino à distância encontrou um sistema que não estava preparado para dar esse salto, com vários indicadores a mostrar sinais de situações de “pobreza digital”. Dados de um questionário aos diretores escolares mostram que “metade das escolas portuguesas teve menos de 15% dos seus alunos sem dispositivos digitais e um quinto teve mais de 30% dos seus alunos sem acesso a esses dispositivos” durante o primeiro confinamento [9].

O ensino à distância foi um fator indutor de desigualdades

O recurso ao ensino remoto de emergência e a imposição de longos períodos de confinamento alteraram as condições e os espaços de aprendizagem, gerando diferenças entre alunos, famílias e escolas, não só em termos do acesso aos meios digitais, mas também em termos das competências necessárias para o seu uso útil e efetivo.

Uma das diferenças diz respeito à natureza das escolas - públicas e privadas - que está naturalmente relacionada com o estatuto socioeconómico das famílias. Antes da COVID-19, em 2019, o número médio de alunos por computador no ensino público era de 4,7, que comparava com 4,0 no ensino privado. No que respeita ao número médio de alunos por computador com ligação à Internet, no ensino público era de 5 e no privado de 4,3.

Uma outra evidência das desigualdades é o facto de, nas escolas públicas, o ensino à distância por videoconferência ter aumentado de 22%, em março de 2020, para 89%, em maio de 2020, enquanto que nas escolas privadas aumentou de 63%, em março, para 98%, durante este período [9].

Assim, as escolas menos bem equipadas com infraestruturas tecnológicas e digitais e com menor experiência na dinamização de projetos de literacia digital, terão sofrido um maior impacto na situação de ensino remoto de emergência, condicionando o ensino e a aprendizagem, gerando ou aumentando desigualdades.

Isso também fica evidente na proporção de professores que previu serem necessários dois ou mais períodos escolares para compensar as perdas de aprendizagem: 48% dos professores de escolas públicas e 36% dos professores de escolas privadas. Para além do confinamento das escolas ter exacerbado as desigualdades socioeconómicas, também conduziu a perdas mais significativas nos alunos do ensino profissional e do ensino artístico especializado, cujo ensino incorpora uma forte componente performativa, pela impossibilidade de aprender em contexto real de trabalho.

As perdas de aprendizagens em idade escolar são certas

Estudos realizados pelo Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) que permitem comparar os resultados das provas de aferição de alunos no mesmo ano de escolaridade mas em diferentes anos letivos, revelam que os resultados das provas de aferição no período de pandemia (2021), ficaram aquém dos de anos letivos anteriores (2018 ou 2019). A percentagem de alunos do 2º, 5º e 8º anos que “Não conseguiram ou não responderam” a diferentes domínios avaliados em cada disciplina aumentou transversalmente, quer em termos de disciplinas quer de ano escolar. As maiores quedas verificaram-se: i) nos alunos do 2º ano na disciplina de matemática, com um aumento de 23 pontos percentuais; ii) nos alunos do 5º ano na disciplina de português, com um aumento de 14 pontos percentuais; e iii) nos alunos do 8º ano na disciplina de matemática, com um aumento de 13 pontos percentuais [10].

Variação da percentagem de alunos que não conseguiram ou não responderam a perguntas das provas de aferição em 2021 face aos anos letivos anteriores (2018 ou 2019)

FONTES: Observador e IAVE

Na pandemia aumentou o acesso ao ensino superior, mas também o seu abandono

Em tempos de pandemia, aumentaram as candidaturas e os inscritos no ensino superior, provavelmente devido ao menor incentivo em entrar diretamente num mercado de trabalho envolto em incerteza e fracas perspetivas para os que terminam o ensino secundário.

O número de candidatos ao ensino superior cresceu e ultrapassou o valor máximo desde 1996. No ano letivo de 2021/22, foram quase 64 mil os candidatos ao ensino superior, o que representa um aumento de 2% face ao ano letivo anterior que, por sua vez, também havia ultrapassado os valores pré-pandémicos. Esta situação resultou num aumento da taxa de ocupação do ensino superior, medida pelo rácio entre o número de estudantes colocados e o número de vagas, e que se fixou em 93% em 2020/21 [11]. Também o número de inscritos pela primeira vez no ensino superior aumentou em todos os ciclos de estudos e tipos de ensino, face a 2019.

Inscritos pela 1ª vez no 1º ano do ensino superior, por natureza do estabelecimento e tipo de ensino

FONTE: DGEEC

NOTAS: Dados atualizados em setembro de 2021.

Por outro lado, houve um aumento na taxa de abandono do ensino superior entre os alunos que se haviam inscrito no ensino superior um ano antes [11]. A taxa de abandono, que registava quedas sucessivas nos anos mais recentes, aumentou durante a pandemia, principalmente no ensino universitário. No conjunto dos anos letivos 2018/19 e 2019/20, 8,1% dos estudantes que se tinham matriculado no ensino universitário um ano antes, abandonaram o sistema - um aumento de 1 ponto percentual. O aumento da taxa de abandono verificou-se sobretudo nas licenciaturas e nos mestrados integrados. Apesar da queda muito ligeira nos CTeSP e nos mestrados de 2º ciclo, os valores da taxa de abandono continuavam muito elevados, acima dos 15%. Infelizmente, não existem dados que permitam aferir os efeitos das medidas de contenção pandémica em termos das competências adquiridas pelos alunos do ensino superior. No entanto, a queda da participação em programas de mobilidade internacional verificada em 2020 pode indicar perdas na aquisição de competências de natureza transversal.

A entrada para o mercado de trabalho tornou-se mais difícil para quem termina ciclos de estudo

A crise sanitária teve efeitos na entrada para o mercado de trabalho, principalmente entre os mais jovens que, tradicionalmente, estão entre os mais vulneráveis nos ciclos económicos recessivos. Estes períodos são ainda mais desafiantes entre os jovens que terminam um grau de ensino e pretendem entrar no mercado de trabalho pois, tipicamente, não têm experiência profissional e concorrem com grupos de jovens trabalhadores com mais experiência e competências profissionais.

Em 2020, apenas 72,8% dos jovens entre os 20 e os 34 anos que tinham completado um nível de escolaridade nos últimos 3 anos, estavam empregados, o que representa uma queda acentuada que interrompe a tendência positiva que se vinha a verificar desde 2012. A queda foi mais acentuada entre os que terminaram um curso superior, apesar da taxa de emprego destes recém-diplomados continuar acima dos que terminaram o ensino secundário. Em 2021, já se verificou uma ligeira recuperação para os 74,2%.

0,2%

JOVENS (20-34) EMPREGADOS, COM NÍVEL DE ESCOLARIDADE COMPLETADO NOS ÚLTIMOS 3 ANOS

Taxa de Emprego dos recém-formados dos 20 aos 34 anos por nível de escolaridade

FONTES: Eurostat

NOTAS: É considerada a população entre os 20 e os 34 anos que terminou o ensino secundário ou superior nos 3 anos anteriores ao ano de referência do inquérito e que não participa em educação ou formação nesse ano. Classificação dos níveis de escolaridade no Anexo Metodológico.

A proporção de recém-diplomados inscritos como desempregados no IEFP também aumentou em 2020. Comparando com 2019, a propensão ao desemprego dos recém-diplomados de cursos de licenciatura aumentou em 2020 em cerca de 1,6 pontos percentuais – de 3,7% em 2019 para 5,3% em 2020. Este aumento no risco de desemprego inverteu a tendência decrescente que se vinha a verificar desde 2014.

A propensão ao desemprego aumentou nos recém-diplomados de todas as áreas de formação. O aumento mais expressivo da propensão ao desemprego sentiu-se entre os diplomados da área de formação ‘Serviços pessoais’ - de 3,8% em 2019 para 8,9% em 2020. O efeito foi menos expressivo na área de ‘Saúde’.

Estes dados apontam para uma ausência de retorno das competências recentemente desenvolvidas nos ciclos de estudo e são preocupantes, tendo em conta a larga evidência que aponta para a existência de efeitos negativos nas carreiras profissionais no longo prazo para as gerações que entram no mercado de trabalho num período recessivo.

A participação de adultos em educação e formação aumentou apenas entre os mais qualificados

Um dos aspetos positivos foi o aumento da participação de adultos em educação e formação que se verificou em 2021. Este aumento pode ter sido resultado da política de apoio à formação, como parte do conjunto de medidas de apoio ao emprego, ou da necessidade de apostar na formação para facilitar o regresso ao mercado laboral à medida que as restrições eram aliviadas.

O primeiro impacto da crise pandémica levou, em 2020, ao decréscimo dos adultos que participaram em educação e formação, possivelmente fruto do primeiro impacto da pandemia e da ainda falta de medidas, quer de políticas públicas quer das entidades que oferecem formação. Já em 2021, a taxa de participação aumentou de forma significativa para 12,9%, acima dos 10,5% de 2019. A desagregação por nível de escolaridade revela que a taxa de participação para o grupo dos adultos menos escolarizados permaneceu no mesmo valor que 2019 e que o aumento foi mais significativo para os adultos com ensino superior.

Participação de adultos em educação e formação por nível de escolaridade

FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN

NOTAS: Adultos dos 25 aos 64 anos. A participação diz respeito às últimas 4 semanas antes do inquérito. Aprendizagem ao longo da vida: Todas as atividades de aprendizagem intencional ou não, desenvolvidas ao longo da vida, em contextos formais, não-formais ou informais, com o objetivo de adquirir, desenvolver ou melhorar conhecimentos, aptidões e competências, no quadro de uma perspetiva pessoal, cívica, social e/ou profissional. Classificação dos níveis de escolaridade no Anexo Metodológico.

3.2 _ O MERCADO DE TRABALHO FOI MAIS RESILIENTE DO QUE O ESPERADO

3.1 _ A COVID-19 AFETOU A AQUISIÇÃO E O REFORÇO DE COMPETÊNCIAS EM DIFERENTES FASES DE VIDA
3.2 _ O MERCADO DE TRABALHO FOI MAIS RESILIENTE DO QUE O ESPERADO
3.3 _ A PANDEMIA PROMOVEU A RECOMPOSIÇÃO DA ESTRUTURA DO EMPREGO
3.4 _ O MERCADO DE TRABALHO FICOU MAIS EXIGENTE E AUMENTOU A PROCURA POR TODO O TIPO DE COMPETÊNCIAS, SOBRETUDO AS DIGITAIS

O mercado de trabalho português mostrou uma forte capacidade de recuperação ao fim de dois anos de pandemia

Os impactos económicos da pandemia, apesar de dramáticos no curto-prazo e ainda visíveis, foram mais contidos e menos persistentes do que o inicialmente antecipado. A resiliência da economia portuguesa foi ancorada, sobretudo, na forte recuperação do seu mercado de trabalho que resultou, antes de mais, da aposta europeia na preservação das relações de emprego. O sucesso da abordagem resultou quer da presença de mecanismos de proteção social que caracteriza o quadro institucional europeu e da sua função de estabilização automática dos ciclos económicos, quer dos pacotes de medidas de proteção do emprego implementadas - com destaque para os instrumentos de lay-off temporário e medidas de apoio à retoma.

Essa ação conjunta permitiu sempre a manutenção do emprego em níveis relativamente elevados e de uma quase total recuperação do volume de emprego em 2021. O número total de pessoas empregadas nos três últimos trimestres de 2021 foi já significativamente superior ao dos mesmos trimestres de 2019: cerca de mais 33.000 no 2º trimestre, 56.000 no 3º trimestre e 89.000 no 4º trimestre. No total, em 2021, haviam mais 31.000 pessoas empregadas que em 2019. No entanto, houve uma acentuada quebra do volume de trabalho quando medido pelo número de horas efetivamente trabalhadas e que não havia ainda recuperado completamente no final de 2021, com perdas de perto de 10% face aos valores do primeiro trimestre de 2019.

Evolução do Volume de Emprego Total e dos Jovens (1ºT 2019=100)

FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN

NOTAS: Jovens dos 25 aos 34 anos. São considerados apenas indivíduos entre os 18 e os 69 anos de idade. São excluídos os agricultores de subsistência para manter maior comparabilidade entre trimestres. Os valores foram normalizados para corresponderem a 100 no 1º trimestre de 2019.

A recuperação foi incompleta e desigual, com prejuízo para os jovens

O diagnóstico é, no entanto, diferente para os mais jovens e o período associado ao início das suas carreiras profissionais. Os níveis de emprego daqueles com idades entre os 25 e os 34 anos, sofreram um forte abalo nos dois momentos de confinamento, um atraso ainda não recuperado.

O diagnóstico é, no entanto, diferente para os mais jovens e o período associado ao início das suas carreiras profissionais. Os níveis de emprego daqueles com idades entre os 25 e os 34 anos, sofreram um forte abalo nos dois momentos de confinamento, um atraso ainda não recuperado. No final de 2021, a quebra de horas efetivamente trabalhadas pelos mais jovens face ao final de 2019 era ainda cerca de 15%. Do ponto de vista do emprego, a quebra no número de jovens empregados foi mais contida, cifrando-se em cerca de 27.500 empregos.

A desproporção do impacto entre jovens e a generalidade da população é igualmente visível em termos da variação da taxa de desemprego, um indicador mais robusto à eventual opção de saída do mercado de trabalho para efeitos de continuação de períodos de formação. No final de 2021, se é verdade que as taxas de desemprego da população em idade ativa eram já significativamente inferiores às do início de 2019, o mesmo não se verificava no caso dos jovens. Nessa altura, a taxa de desemprego deste segmento situava-se perto dos 9%, o que representava cerca de mais de 3000 e 12.500 jovens em situação de desemprego face ao trimestre homólogo de 2019 e 2018, respetivamente.

Evolução da Taxa de Desemprego total e dos jovens (1ºt 2019=100)

FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN

NOTAS: Jovens dos 25 aos 34 anos. São considerados apenas indivíduos entre os 18 e os 69 anos de idade. São excluídos os agricultores de subsistência para manter maior comparabilidade entre trimestres. Os valores foram normalizados para corresponderem a 100 no 1º trimestre de 2019.

Mais escolaridade protegeu o emprego, mas para os jovens isso apenas se verificou para os mestres

A crise pandémica teve também um efeito de recomposição dos níveis de qualificação dos trabalhadores, favorecendo os trabalhadores com qualificações mais elevadas. A probabilidade de estar empregado por nível de educação aumentou para os indivíduos com ensino superior, mas baixou para os indivíduos com ensino secundário completo, apesar de uma acentuada recuperação nos últimos trimestres de 2021.

Quando comparados os mesmos trimestres de 2019 e de 2021, a probabilidade de estar empregado para os indivíduos com ensino superior já foi superior em 2021 na maioria dos trimestres, mas ainda foi sempre inferior para os que detinham o ensino secundário ou menos. Em particular, a probabilidade média de estar empregado para um indivíduo com ensino secundário foi, em 2021, de 85% - 1,8p.p. abaixo do valor médio de 2019. Já para os indivíduos com licenciatura e mestrado essa probabilidade era, respetivamente, cerca de 90% e 95%, o que correspondeu um aumento médio de 0,7 e 2,2p.p.

Probabilidade de Estar Empregado por Nível de escolaridade, 2019-2021

FONTES: Inquérito ao Emprego (INE)e FJN

NOTAS: São considerados apenas indivíduos entre os 18 e os 69 anos de idade. Jovens dos 25 aos 34 anos. Os resultados apresentados correspondem a estimativas da probabilidade de estar empregado calculadas a partir de um modelo logit que, além do nível de educação, considera como variáveis independentes a idade (em quadrado), o sexo e a região. Classificação dos níveis de escolaridade no Anexo Metodológico.

Já entre os mais jovens, dos 25 aos 34 anos, a probabilidade de estar empregado em 2021 ainda não tinha recuperado os níveis de 2019, com exceção em alguns trimestres para indivíduos com mestrado ou doutoramento. No entanto, é evidente que níveis superiores de escolaridade protegeram de forma determinante a queda da probabilidade de estar empregado. Em média, a queda desta probabilidade entre os mesmos trimestres de 2021 e 2019, foi de 1 ponto percentual para indivíduos com mestrado ou doutoramento, de 3,8 pontos percentuais para licenciados e de 7 e 8,8 pontos percentuais para os indivíduos com ensino secundário e menos, respetivamente. Assim, a pandemia reforçou o prémio de empregabilidade associado a mais educação e de forma particular para os detentores de mestrado.

O desemprego de longo prazo voltou a aumentar, principalmente entre os menos qualificados

Apesar da recuperação da taxa de desemprego para níveis historicamente baixos, a pandemia parece ter invertido a tendência de decréscimo do desemprego de longo prazo (de duração superior a 12 meses) que se vinha a verificar desde o fim da anterior crise financeira. De qualquer forma, as taxas de desemprego de longa duração eram, no final de 2021, ainda semelhantes às verificadas no período 2018-2019 para todos os níveis de ensino, mesmo que aparentemente apresentando uma menor tendência de subida entre os diplomados do ensino superior.

taxa de desemprego de longa duração e Número médio de meses no desemprego, por nível de escolaridade, 2015 – 2021

FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN

NOTAS: São considerados desempregados entre os 18 e os 69 anos de idade. São considerados desempregados de longa-duração aqueles que estão nessa situação há mais de 12 meses. Classificação dos níveis de escolaridade no Anexo Metodológico.

No final de 2021, no entanto, a tendência de aumento do tempo de permanência no desemprego era evidente sobretudo entre os menos qualificados, com níveis de educação inferiores ao ensino secundário completo. Esta tendência parece confirmar o maior impacto dos efeitos da pandemia nos trabalhadores menos qualificados. Esta tendência poderá ter resultado da extensão que foi sendo feita dos subsídios de desemprego e mecanismos de proteção social durante os períodos de maior impacto económico da pandemia e deixa assim um desafio importante de eventual requalificação de competências para uma fatia relativamente pequena, mas ainda assim importante da força de trabalho.

3.3 _ A PANDEMIA PROMOVEU A RECOMPOSIÇÃO DA ESTRUTURA DO EMPREGO

3.1 _ A COVID-19 AFETOU A AQUISIÇÃO E O REFORÇO DE COMPETÊNCIAS EM DIFERENTES FASES DE VIDA
3.2 _ O MERCADO DE TRABALHO FOI MAIS RESILIENTE DO QUE O ESPERADO
3.3 _ A PANDEMIA PROMOVEU A RECOMPOSIÇÃO DA ESTRUTURA DO EMPREGO
3.4 _ O MERCADO DE TRABALHO FICOU MAIS EXIGENTE E AUMENTOU A PROCURA POR TODO O TIPO DE COMPETÊNCIAS, SOBRETUDO AS DIGITAIS

Os setores intensivos em conhecimento e tecnologia e a construção ganharam peso no emprego

O bom desempenho do mercado de trabalho português depois de dois anos de pandemia não significa um mero regresso à situação de partida. A crescente recuperação dos níveis de emprego que se verificou nos últimos três trimestres de 2021, levou a que, em 2021, houvesse já mais 31.000 pessoas empregadas do que em 2019.

É evidente que os ganhos de representatividade aconteceram, sobretudo, para os serviços intensivos em conhecimento, construção e os setores industriais mais intensivos em tecnologia. Os níveis de representatividade destes setores são, contudo, diferentes. Os serviços intensivos em conhecimento, em particular, viram o seu peso no emprego aumentar quase 5 pontos percentuais, para cerca de 42% do emprego total. Pelo contrário, os outros setores dos serviços perderam cerca de 3,7 pontos percentuais, para cerca de 31% do emprego. A representatividade dos setores da construção e indústria de tecnologia média-alta e alta é mais limitada, respetivamente, 6,6% e 3,5% no último trimestre de 2021.

evolução do volume de emprego por grupos de setores e por setor de atividade, 2020 e 2021 (4ºT 2019=100)

FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN

NOTAS: São considerados os trabalhadores empregados entre os 18 e os 69 anos de idade. Os agricultores de subsistência foram excluídos de forma a manter maior comparabilidade entre séries. Os valores foram normalizados para corresponderem a 100 no 4º trimestre de 2019. Classificação relativa à intensidade tecnológica e de conhecimento dos diversos setores de atividade económica é baseada na classificação do Eurostat e está disponível no Anexo Metodológico.

Os resultados parecem indicar que, no geral, os setores mais atingidos nos períodos críticos da pandemia não recuperaram os seus níveis de emprego e, no final de 2021, acumulavam perdas significativas de trabalhadores.

Este é o caso para os setores da indústria média-baixa e baixa, dos outros serviços e da energia e gestão de resíduos.

Estes setores incluem muitos dos serviços pessoais e de proximidade mais atingidos pela pandemia (alojamento e restauração, serviços domésticos e outros serviços pessoais) mas igualmente diversos setores industriais (automóveis, vestuário, alimentar, etc.).

Pelo contrário, os setores que ganharam representatividade no emprego têm duas características fundamentais. São serviços de apoio às empresas e intensivos em conhecimento (consultoria e programação, serviços jurídicos e financeiros) ou serviços públicos fortemente dependentes da ação do Estado (Saúde, Educação, Apoio Social e Administração Pública). Dados relativos ao volume de emprego, medido pelo número de horas efetivamente trabalhadas, mostram que setores importantes do ponto de vista do emprego como os do comércio, do alojamento e restauração e das atividades imobiliárias tinham recuperado uma parte importante do volume de emprego perdido nos trimestres de confinamento. Essa recuperação não evitava, no entanto, as perdas de empregos finais. Por outro lado, as atividades artísticas, desportivas e recreativas tinham já aumentado o seu volume de emprego apesar de enormes quebras durante os períodos de confinamento.

O setor das tecnologias de informação e comunicação aumentou significativamente AS vagas por preencher

O impacto negativo da pandemia nos setores de maior proximidade é também visível na redução do número de empregos vagos como percentagem do total de empregos desejados pelas empresas desses setores. Os setores da hotelaria e restauração e das artes, cultura e desporto, em particular, sofreram quebras significativas desses rácios face aos valores de 2019.

Pelo contrário, o setor das tecnologias de informação e comunicação viu as vagas por preencher subir muito significativamente. Este facto, juntamente com as taxas de vagas em aberto relativamente elevadas para os setores de serviços administrativos e setores de empregos técnicos qualificados, reforçam o atual desequilíbrio da procura de emprego em favor dos mais qualificados, mesmo na presença de um forte ritmo de crescimento do nível de qualificações dos trabalhadores nacionais mais jovens. Um setor que parece quebrar esta narrativa é o setor do comércio que viu o rácio de vagas aumentar desde 2019 como reflexo, possivelmente, do forte esforço de adaptação deste setor.

Vagas de emprego por setor de atividade, 2014-2021

FONTES: Eurostat

Nota: A taxa de vagas de emprego corresponde ao rácio entre o número de vagas em aberto e a soma dos empregos ocupados e vagos.

O trabalho presencial regressou, mas há setores em que o teletrabalho parece ter vindo para ficar

O ano de 2021 é caracterizado pelo regresso do trabalho presencial, sobretudo após a normalização progressiva da atividade económica no segundo semestre de 2021.

Esse regresso à normalidade não foi, no entanto, pleno. Os níveis de teletrabalho, medidos pelos dados recolhidos diretamente pelo INE, apontam para um máximo, no primeiro confinamento, de cerca de 28% da população empregada. No último trimestre de 2021, esse valor era já de apenas 9%, o que parece apontar para uma estabilização do trabalho a partir de casa em valores mais elevados do que no período anterior à pandemia.

Os dados revelam que as diferenças entre setores na incidência destas práticas aumentaram como resultado da pandemia. Os setores dos serviços intensivos em conhecimento e as indústrias mais intensivas em tecnologia (além dos setores de energia e gestão de resíduos com menor peso no emprego) não só experimentaram uma adesão a regimes de teletrabalho muito mais expressiva durante a pandemia como mostraram maior inércia em regressar aos níveis anteriores à pandemia. No último trimestre de 2021, mais de 15% e perto de 10% dos trabalhadores desses dois grupos reportaram trabalhar regularmente a partir de casa, valores 5 e 8 pontos percentuais acima dos valores pré-pandémicos, respetivamente.

Percentagem de Trabalhadores a trabalhar a Partir de Casa por grandes setores e por setor de atividade

FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN

NOTAS: São considerados os trabalhadores empregados com idades compreendidas entre os 18 e os 69 anos de idade. Os agricultores de subsistência foram excluídos de forma a manter maior comparabilidade entre séries. “Baseline” indica a média de todos os trimestres entre 2015 e 2019. “Confinamentos” a média do segundo trimestre de 2020 e primeiro trimestre de 2021. “Recuperação” refere-se aos valores do quarto trimestre de 2021. Classificação relativa à intensidade tecnológica e de conhecimento dos diversos setores de atividade económica é baseada na classificação do Eurostat e está disponível no Anexo Metodológico.

Uma distinção mais fina entre setores contribui para explicar esta evolução e evidencia a desigualdade na persistência do trabalho a partir de casa. O “regresso à normalidade” é evidente em quase todos os setores, mas há exceções. As atividades de informação e comunicação, sobretudo, mas também as atividades financeiras e de seguros e as atividades de consultoria, científicas e técnicas mantinham, no final de 2021, níveis elevados de trabalho a partir de casa muito distantes do ponto de partida.

No caso dos serviços de informação e comunicação, cerca de 62% dos trabalhadores mantinham ainda um regime de trabalho maioritariamente à distância. Os serviços administrativos e imobiliários mantinham também taxas importantes. Os serviços públicos, por outro lado, mostravam um quase regresso ao ponto de partida (com baixa presença de trabalho à distância) apesar dos fortes aumentos durante a pandemia. O caso da educação, em particular, apresentou valores bastante abaixo do ponto de partida, o que é provavelmente explicável pela alteração do padrão de resposta dos inquiridos como reflexo do debate intenso em torno das limitações do ensino à distância.

O trabalho em casa também difere entre profissões e entre regiões

Além de diferenças setoriais, as desigualdades no recurso ao trabalho a partir de casa e na sua evolução refletem-se, necessariamente, nas profissões mas também, de forma dramática, por região. No caso das profissões, como esperado, a persistência é maior no caso dos profissionais e técnicos das áreas CTEM, mas igualmente nas outras profissões técnicas e administrativas, com maior intensidade de processamento de informação. No caso da distribuição regional, é visível que o fenómeno de persistência do teletrabalho era, exclusivamente, um fenómeno da Área Metropolitana de Lisboa, que partia aliás de um ponto de partida bastante mais alto.

Percentagem de trabalhadores a trabalhar a partir de casa por grupo profissional e por região

FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN

NOTAS: São considerados os trabalhadores empregados entre os 18 e os 69 anos de idade. Os agricultores de subsistência foram excluídos de forma a manter maior comparabilidade entre trimestres. “Baseline” indica a média de todos os trimestres entre 2015 e 2019. “Confinamentos” a média do segundo trimestre de 2020 e primeiro trimestre de 2021. “Recuperação” refere-se aos valores do quarto trimestre de 2021. Os “Gestores” referem-se ao grupo 1 da Classificação Nacional de Profissões; os “Profissionais de saúde” e “Professores”, respetivamente, aos grupos 22 e 23; os “Profissionais e técnicos CTEM” aos grupos 21, 25, 31 e 35; os “Técnicos e auxiliares de saúde e educação” aos grupos 32 e 53; os “Outros especialistas e técnicos” às restantes profissões de nível 2 e 3; os “Administrativos e operadores de dados” ao grupo 4; os “Vendedores e trabalhadores de serviços pessoais” ao grupo 5; os “Trabalhadores agroalimentares” aos grupos 6 e 92; os “Operários, operadores e condutores” aos grupos 7, 8 e 93; os “Trabalhadores não qualificados dos serviços” aos grupos 91, 94, 95 e 96.

3.4 _ O MERCADO DE TRABALHO FICOU MAIS EXIGENTE E AUMENTOU A PROCURA POR TODO O TIPO DE COMPETÊNCIAS, SOBRETUDO AS DIGITAIS

3.1 _ A COVID-19 AFETOU A AQUISIÇÃO E O REFORÇO DE COMPETÊNCIAS EM DIFERENTES FASES DE VIDA
3.2 _ O MERCADO DE TRABALHO FOI MAIS RESILIENTE DO QUE O ESPERADO
3.3 _ A PANDEMIA PROMOVEU A RECOMPOSIÇÃO DA ESTRUTURA DO EMPREGO
3.4 _ O MERCADO DE TRABALHO FICOU MAIS EXIGENTE E AUMENTOU A PROCURA POR TODO O TIPO DE COMPETÊNCIAS, SOBRETUDO AS DIGITAIS

A variação das ofertas de emprego está associada à intensidade digital das profissões

A recomposição ocupacional e setorial do emprego promoveu uma maior digitalização do emprego. A variação do emprego entre os últimos trimestres de 2019 e 2021 nas diferentes profissões está associada, de forma positiva, ao seu grau de digitalização, medido pela proporção de requisitos digitais nas ofertas de emprego. Os dados refletem, fundamentalmente, a relativa proteção dos empregos técnicos associados às tecnologias de informação e comunicação e de apoio administrativo, relativamente digitalizados. Refletem, por outro lado, o impacto da pandemia na destruição de emprego em profissões industriais e, em particular nos serviços pessoais, o que reforça a tendência dada a sua fraca digitalização.

Variação Percentual do Emprego e Nível de Digitalização das Profissões,

4ºT 2019 - 4ºT 2021

FONTES: Inquérito ao Emprego (INE), Burning Glass Technologies e FJN

NOTAS: Os dados reportam-se a profissões a dois dígitos segundo a CPP. A variação percentual do emprego corresponde à variação entre o quarto trimestre de 2019 e 2021. O índice de digitalização é obtido através da contabilização da proporção de requisitos digitais no total de requisitos de cada oferta de emprego e, posteriormente, pelo cálculo do valor médio para cada profissão. Os valores apresentados foram normalizados entre 0 e 1 a partir do método max-min. A azul estão indicadas as profissões mais qualificadas, que pertencem aos grupos 1 a 3 da CPP.

Aumentou a procura por empregos digitais e mais qualificados

Esta tendência de digitalização é acompanhada e reforçada durante os períodos de desconfinamento pelas maiores taxas de crescimento de ofertas para empregos digitais, caracterizados por uma maioria de requisitos digitais. As estratégias de reação das empresas à pandemia parecem assim ter assentado, em parte pelo menos, no reforço da digitalização de tarefas.

Da mesma forma, são os períodos de desconfinamento que parecem reforçar a procura por profissões e trabalhadores mais qualificados. Os períodos de recuperação aceleraram sobretudo a procura de emprego qualificado, ao nível do ensino superior, enquanto a procura de qualificações intermédias, ao nível do ensino secundário, tem um padrão de recuperação muito mais lento durante o ano de 2021.

Número de Ofertas de Emprego por Tipo de Competências mais pedido e Número de Ofertas de Emprego por Nível de Educação da Profissão (Janeiro 2020 = 100)

FONTES: Burning Glass Technologies e FJN

NOTAS: Ofertas de emprego anunciadas num conjunto estável de plataformas online de emprego. O índice 100 é uma normalização do número global de ofertas de emprego em Janeiro de 2020. A classificação de competências nas categorias digitais, técnicas e transversais segue a classificação da Burning Glass e ESCO. Uma determinada oferta é classificada como requerente de requisitos “técnicos”, “transversais” ou “digitais” quando esses tipos de requisitos constituem a maioria dos requisitos de uma dada oferta de emprego. A separação das ofertas em 3 níveis de escolaridade (básico, secundário ou superior) é feita a partir do nível de educação mais frequente dos trabalhadores de cada profissão a que cada oferta está associada. A associação é feita ao nível de ocupações detalhadas (CPP a 3 dígitos) utilizando dados dos Quadros de Pessoal. Classificação dos níveis de escolaridade no Anexo Metodológico.

Os empregadores pedem mais competências, sobretudo digitais

Os dados das ofertas de emprego também revelam um aumento da procura por competências por parte dos empregadores. Em 2021, 87% das ofertas de emprego pediram pelo menos uma competência técnica, 82% pelo menos uma competência transversal e 63% pelo menos uma competência digital.

Independentemente do tipo de competência, estes valores representam um aumento da procura face a 2019. O aumento de procura de competências mais expressivo, de 12 pontos percentuais, diz respeito às competências digitais que aumentaram de 54% em 2019 para 66% em 2020.

Apesar da queda para os 63% em 2021, o aumento de procura por competências digitais parece ser sustentado face ao período pré-pandémico. Isto traduziu-se num aumento do peso das competências digitais no conjunto das ofertas de emprego, de 27% em 2019 para 32% em 2021.

Proporção de ofertas de emprego que pedem pelo menos uma competência, por tipo de competência e ano

FONTES: Burning Glass Technologies e FJN/Brighter Future

NOTAS: Ofertas de emprego anunciadas num conjunto de plataformas online de emprego. A classificação de competências nas categorias digitais, técnicas e transversais segue a classificação da Burning Glass e ESCO.

As competências mais procuradas no pós-pandemia são as digitais, de comunicação, criativas, de adaptabilidade e de trabalho em equipa

Uma análise mais fina da procura de competências permite-nos concluir que o impacto da pandemia no emprego não se resumiu apenas a uma maior procura por competências digitais. A evolução da procura das competências mais procuradas, revela que, além da utilização de computadores e de software, as capacidades de trabalho em equipa, de pensar de forma criativa e a capacidade de agência e de adaptação à mudança parecem ter sido especialmente valorizadas durante o último ano como resposta à pandemia.

Ao invés, as competências pessoais ou de proximidade como a capacidade de comunicação numa língua estrangeira (em espanhol), de operar em ambiente de escritório e de interagir e servir clientes sofreram importantes abalos durante a pandemia e, no caso das duas primeiras, não tinham ainda recuperado desse impacto no final de 2021.

Os dados mostram ainda assim uma forte dinâmica de recuperação da procura de competências de proximidade e de interação com clientes no final de 2021, mesmo que a ritmos muito inferiores às competências com ritmos mais acelerados de crescimento.

Evolução da Procura das Competências Mais pedidas pelos Empregadores

(1ºT 2020 =100)

FONTES: Burning Glass Technologies e FJN

NOTAS: Ofertas de emprego anunciadas num conjunto estável de plataformas online de emprego. Os valores referem-se à variação percentual face ao primeiro trimestre de 2020 no número de ofertas de emprego que indicam cada uma destas competências como um requisito. São consideradas as vinte competências mais procuradas no primeiro trimestre de 2020. A classificação de competências segue a classificação da ESCO.

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