
Educação e Produtividade: dois desígnios críticos para o futuro de Portugal _
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Educação e Produtividade: dois desígnios críticos para o futuro de Portugal _


A produtividade não tem acompanhado o ritmo de crescimento das qualificações dos portugueses
Educação, salários e produtividade estão interligados. É fundamental aumentar a produtividade para melhorar os salários, para aumentar o ganho salarial associado a mais escolaridade e assegurar os incentivos à educação. Em parte, a produtividade depende das qualificações de trabalhadores e de empregadores e da utilização ótima do talento.
Um aumento dos salários requer maior produtividade
A queda do prémio salarial associado à educação e, sobretudo, os salários baixos praticados em Portugal, colocam a produtividade portuguesa como um dos temas críticos para a resolução da estagnação da economia portuguesa. O crescimento sustentado da produtividade é consensualmente considerado como um fator essencial para o aumento sustentável dos salários, o crescimento económico e a melhoria do padrão de vida da população.
O aumento da produtividade das empresas portuguesas e da economia é crucial, para que os salários médios possam crescer e acompanhar o aumento de qualificações, limitando assim a saída de talento para o estrangeiro e aumentando a satisfação de quem investe em mais educação.
A produtividade mede o que se consegue produzir a partir dos recursos utilizados nesse processo de produção (por exemplo, trabalho e capital) e a teoria económica prevê que quanto maior a produtividade, maior será o pagamento desses recursos. No caso do trabalho, prevê-se uma relação positiva entre a produtividade e os salários pagos aos trabalhadores.
Apesar da produtividade da força de trabalho, medida pelo rácio entre a produção total e o número de trabalhadores, depender da utilização de outros fatores, como o capital continua a ser a medida de produtividade mais comum por ser a mais diretamente relacionada com melhorias do salário e do padrão de vida da população [4]. Um aumento da produtividade implica que os trabalhadores conseguem produzir mais no mesmo tempo, o que dá margem a aumentos salariais por parte das empresas. É importante notar que, num país como Portugal em que os trabalhadores já trabalham um elevado número de horas, uma melhoria de produtividade não advirá de um aumento de horas trabalhadas, mas sim da eficiência desse trabalho e do valor do produto. A comparação da produtividade e do rendimento médio dos membros da União Europeia revela que a correlação é clara e forte, e que portanto quanto maior a produtividade, em média, maior o rendimento e salário médio dos trabalhadores.

Rendimento líquido médio e produtividade em percentagem da média europeia em 2019, por país da União Europeia
FONTE: Eurostat
NOTAS: A medida de produtividade corresponde à produtividade por hora trabalhada do país (em paridade de poder de compra) face à média europeia de 100. O rendimento corresponde ao rendimento líquido equivalente médio dos indivíduos, entre os 18 e 64 anos, em paridade de poder de compra.
A produtividade em Portugal tem perdido terreno face à média europeia
Não é surpreendente que Portugal esteja entre o grupo de países da União Europeia com rendimentos e produtividade mais baixos. Em 2019, Portugal tinha o 7º rendimento médio mais baixo da União Europeia (apenas acima de países como Croácia, Bulgária, Eslováquia, Grécia, Hungria e Roménia) e a 6ª menor produtividade (apenas acima de países como Roménia, Polónia, Letónia, Grécia e Bulgária).
Desde o início do século XXI, Portugal não tem conseguido ganhar terreno face aos membros da União Europeia. A produtividade portuguesa nunca ultrapassou os 70% da média europeia, valor que atingiu entre 2006 e 2010 e depois novamente em 2013. A partir de 2013, ano que marca o início da recuperação da crise financeira, a divergência em relação à média europeia foi substancial e constante. Em 2019, antes do início da crise pandémica, cada trabalhador português produzia o equivalente a 66% do trabalhador médio da União Europeia.

evolução da produtividade do trabalho face à média europeia
FONTE: Eurostat
NOTAS: A medida de produtividade corresponde à produtividade por hora trabalhada de Portugal (em paridade de poder de compra) face à média europeia, que é de 100 em cada ano.
A produtividade não tem acompanhado o ritmo de crescimento das qualificações dos portugueses
Apesar da divergência da produtividade portuguesa face à média europeia, esta tem, em geral, registado uma tendência positiva nas últimas décadas. No entanto, após 2006, registou-se um crescimento muito menos acentuado da produtividade, seguido de praticamente uma estagnação no período após a crise financeira.
A evolução da produtividade também tem abrandado na generalidade dos outros países, mas é particularmente preocupante em Portugal pelos seus baixos níveis e pela falta de convergência à média europeia no período de recuperação económica no pós-2013. Ainda que a evolução da produtividade portuguesa possa ser em parte explicada pelos fatores que levaram à desaceleração da produtividade global, a sua estagnação e o desfasamento face à média europeia deve-se sobretudo a fragilidades internas [4].
Uma das fragilidades mais relevantes é o facto de Portugal continuar na cauda da Europa em termos de qualificações – é o país com a maior percentagem da população com baixas qualificações, ou seja, sem ter terminado o ensino secundário. Em 2021, este era o caso para 40,5% dos portugueses entre os 25 e os 64 anos, um valor que é mais do dobro do verificado em 23 países da União Europeia no mesmo ano. Este grave défice de qualificações, particularmente gravoso na população mais velha, pode ser também uma das explicações para a baixa produtividade de Portugal.
No entanto, esperava-se um aumento da produtividade à medida que a força de trabalho fosse sendo cada vez mais constituída por gerações mais jovens com qualificações mais elevadas.
De facto, em 2021, 47,5% dos jovens adultos tinham o ensino superior, um progresso assinalável de 20 pontos percentuais na última década que colocou Portugal acima da média europeia (41,2%). No entanto, há um grande desfasamento entre a evolução das qualificações da força de trabalho do tecido empresarial e da produtividade.
Portugal é o país com a maior percentagem da população com baixas qualificações _
evolução da educação e da produtividade do trabalho em portugal
FONTE: Alexandre et al. (2022)
NOTAS: A medida de produtividade corresponde ao Valor Acrescentado Bruto por trabalhador no conjunto das empresas portuguesas. A medida de educação corresponde à escolaridade média dos trabalhadores em empresas portuguesas. Ambas as variáveis foram normalizadas para 100 em 2000.
Nos últimos anos, o emprego tem crescido nos setores menos produtivos
A evolução da produtividade do país depende, por um lado, da evolução da produtividade nos diferentes setores de atividade e, por outro lado, de como os trabalhadores se distribuem entre esses setores de atividade.
Uma análise mais fina ao nível da produtividade do tecido empresarial português no período de recuperação do emprego no pós-crise financeira, de 2013 em diante, revela que os ligeiros ganhos de produtividade resultaram de dois efeitos. Pela positiva, do aumento de produtividade nos setores de atividade. Pela negativa, o peso dos setores menos produtivos no emprego total aumentou, atenuando o aumento da produtividade [5].
Assim, entre 2013 e 2019, a produtividade na maioria dos setores de atividade aumentou, mas este efeito foi atenuado por uma realocação do emprego para os setores menos produtivos, como as atividades imobiliárias e as atividades de alojamento e restauração. O resultado é um aumento muito ligeiro da produtividade, que poderia ser intensificado com uma realocação do emprego dos setores menos produtivos para os mais produtivos.
Produtividade e variação do peso no emprego entre 2013 e 2019, por setor de atividade
FONTES: Alexandre et al. (2022) e Sistema de contas integradas das empresas (INE)
NOTAS: O eixo vertical corresponde ao rácio entre produtividade do setor e a produtividade média da economia, em escala logarítmica. A produtividade é medida pelo Valor Acrescentado Bruto por trabalhador. A dimensão dos círculos representa o peso de cada setor no emprego total em 2013. Os dados originais incluem empresas classificadas nas secções A a S da CAE Rev. 3, com exceção das Atividades Financeiras e de Seguros (Secção K) e da Administração Pública e Defesa; Segurança Social Obrigatória (Secção O).
Mas afinal, que fatores contribuem para a produtividade das empresas?
São vários os fatores que afetam a produtividade das empresas e por sua vez a produtividade do país. Para avaliar os fatores relacionados com as qualificações, é útil recorrer a um modelo econométrico que equivale a considerar duas empresas, que diferem apenas no fator que se pretende analisar e que são em tudo o resto semelhantes, nomeadamente, no que respeita ao setor de atividade em que operam, à sua dimensão e localização, ao seu perfil exportador, ou mesmo à composição da sua força de trabalho, seja em termos de sexo, seja em termos de idade (ver detalhes no Anexo Metodológico). Esta metodologia permite isolar a associação entre a produtividade e os fatores em análise dos restantes, que poderão eles próprios estar relacionados simultaneamente com a produtividade e com os fatores em análise.
Empresas com trabalhadores com qualificações mais próximas são mais produtivas
As empresas com uma força de trabalho mais qualificada são, em média, mais produtivas. Considerem-se duas empresas, em tudo semelhantes, que se distinguem apenas pela qualificação média da sua força de trabalho.
A produtividade da empresa com trabalhadores, em média, mais qualificados é superior à da empresa que emprega trabalhadores menos qualificados. Esta vantagem resulta de uma comparação no momento, mas este efeito positivo vai-se acumulando ao longo do tempo.
Esta vantagem em termos de produtividade associada à maior qualificação dos trabalhadores pode ser parcial ou totalmente anulada se a disparidade de qualificações dentro da empresa também for elevada. Quanto mais próximas as qualificações dos trabalhadores entre si, independentemente do seu nível, maior a produtividade da empresa. Este resultado pode estar relacionado com uma maior facilidade em gerir de trabalhadores com qualificações semelhantes, mas remete também para diferenças de qualificações entre gerações de trabalhadores. De facto, o aumento das qualificações da força de trabalho tem acontecido à medida que os trabalhadores mais velhos, menos qualificados, vão saindo do mercado de trabalho e chegam às empresas trabalhadores mais jovens e mais qualificados. Essa diferença de qualificações e de hierarquia pode ter implicações na produtividade das empresas.

As qualificações dos jovens contam se representarem uma fatia substancial dos trabalhadores das empresas
A relação direta entre as qualificações dos trabalhadores e a produtividade das empresas pode variar com a estrutura etária da sua força de trabalho. Esta diferenciação é particularmente relevante dado o enorme fosso das qualificações entre as gerações mais jovens e mais velhas.
Empresas com trabalhadores jovens (com menos de 35 anos) mais qualificados apenas conseguem ter ganhos de produtividade se o número de jovens na empresa tiver um peso significativo no total de trabalhadores. Em particular, um aumento das qualificações dos trabalhadores com menos de 35 anos só se faz notar quando este grupo de trabalhadores representa pelo menos 40% da força de trabalho da empresa. Se estes jovens representarem entre 10% e 40% não há melhorias na produtividade e se forem menos do que 10%, o efeito na produtividade pode ser negativo. Já aos trabalhadores com 35 ou mais, mas menos de 50 anos, basta representarem pouco mais de 30% da força de trabalho para que aumentos das suas qualificações se reflitam em aumentos de produtividade. A partir desse ponto, a variação positiva da produtividade é mais acentuada do que quando observada no grupo de trabalhadores mais jovens. Diferenças de qualificações entre os trabalhadores mais velhos (com 50 anos ou mais) não se refletem em diferenças de produtividade das empresas.
Este resultado sugere que o aumento das qualificações da geração mais jovem a que se tem assistido nas últimas décadas, pode não estar a contribuir para uma melhoria da produtividade por se enquadrar em empresas com uma força de trabalho maioritariamente mais velha e com níveis de qualificações inferiores.

EMPRESAS COM TRABALHADORES JOVENS MAIS QUALIFICADOS APENAS CONSEGUEM TER GANHOS DE PRODUTIVIDADE SE ESTES REPRESENTAREM PELO MENOS 40% DA FORÇA DE TRABALHO _
Efeito de um ano adicional de escolaridade dos trabalhadores na produtividade da empresa, por faixa etária
FONTES: Sistema de Contas Integradas das Empresas (INE) e FJN
NOTAS: As linhas indicam os intervalos de confiança inferior e superior (95%) do coeficiente que resulta de um modelo econométrico de efeitos fixos onde a variável endógena é a produtividade da empresa e a variável explicativa é a escolaridade média dos trabalhadores da empresa. Detalhes sobre o modelo no Anexo Metodológico.
As qualificações dos trabalhadores contam, mas o grau de adequação à profissão que exercem também
A melhoria das qualificações dos trabalhadores não pôs fim aos desajustamentos educativos do mercado de trabalho português. Apesar do aumento do número de profissões que requerem trabalhadores mais qualificados [6], em 2019, um pouco menos de 1 em cada 5 trabalhadores em empresas (21,7%) possuía qualificações superiores ao mais frequente entre aqueles que desempenhavam a sua profissão, situação designada por sobrequalificação. Os trabalhadores mais jovens são desproporcionalmente mais atingidos por esse desajustamento: em 2019, essa era a realidade de 36% dos jovens com menos de 35 anos, mas apenas de 14% dos trabalhadores com 50 ou mais anos. Há também trabalhadores com qualificações inferiores à adequada à profissão que desempenham (subqualificação) e, neste caso, a prevalência por faixa etária inverte-se. Em 2019, cerca de metade dos trabalhadores com 50 ou mais anos possuía qualificações aquém do adequado ao exercício da profissão, o que compara com 16% para os trabalhadores mais jovens.
Os dois tipos de desajustamento, seja sobre ou subqualificação, traduzem-se numa utilização desadequada das qualificações dos trabalhadores que, por sua vez, resultam numa menor produtividade das empresas. A relação direta entre as qualificações dos trabalhadores e a produtividade das empresas varia com o grau de adequação das qualificações dos trabalhadores às necessidades da profissão que desempenham.
No caso da qualificação média dos trabalhadores ser adequada às suas profissões, mais qualificações estão associadas a maior produtividade. Ao invés, empresas com trabalhadores cuja qualificação média não seja adequada às suas profissões, têm menor produtividade, quer no caso em que os trabalhadores têm menos qualificações do que a apropriada (subqualificação) quer no caso em que os trabalhadores têm qualificações acima da apropriada (sobrequalificação). Este resultado indica que mais qualificações pode não ser suficiente para o aumento da produtividade, sendo necessário que o talento dos trabalhadores seja alocado de forma adequada às profissões e tarefas que desempenham.

As qualificações dos empregadores pesam praticamente tanto como as dos trabalhadores
Os gestores das empresas têm um papel determinante e impulsionador na dinâmica empresarial. A distinção entre as qualificações dos trabalhadores e das equipas de gestão, revela que ambas contribuem de forma significativa para a produtividade da empresa e, aliás, com pesos muito próximos.
Este resultado mostra que a produtividade é maior com equipas de gestão e trabalhadores mais qualificados e que as qualificações dos gestores têm um efeito na produtividade além das qualificações dos trabalhadores, e vice-versa.
As qualificações dos gestores de empresas têm aumentado, mas Portugal continua a ter a maior percentagem de empregadores e gestores que não terminou o ensino secundário, seguido de perto apenas por Malta. Em 2021, este era o caso para 47,5% dos empregadores, praticamente o triplo da média europeia que se fixou em 16,4%. Associado às baixas qualificações da força de trabalho, este é um aspeto que pode estar a limitar a produtividade da economia portuguesa.

Percentagem de empregadores sem o ensino secundário, por país da União Europeia
FONTES: Pordata e INE
NOTAS: Classificação dos níveis de escolaridade no Anexo Metodológico.
A aposta na formação beneficia as empresas, nomeadamente a produtividade
A produtividade das empresas depende não só das qualificações de base da sua força de trabalho, mas também da aposta que as próprias empresas fazem na formação dos seus trabalhadores. É isso que conclui um estudo que compara a performance de empresas portuguesas que receberam bolsas de formação do Fundo Social Europeu com outras empresas semelhantes que também concorreram, mas não as obtiveram [7].
Face às empresas que não receberam, e que assim proporcionaram menos formação, as empresas que foram apoiadas registaram aumentos de, pelo menos, 5% na produtividade.
Além disso, viram também aumentar o número de trabalhadores em 5%, o volume de vendas entre 5% a 15% e as exportações entre 2% a 15%.
Note-se que as empresas que não receberam as bolsas também podem ter registado melhorias, mas estas foram mais expressivas nas empresas que receberam as bolsas e que aumentaram mais os seus níveis de formação.
Enquanto os efeitos nas exportações e no emprego parecem ser menos duradouros, os ganhos nas vendas e no valor acrescentado bruto revelam-se mais consistentes ao longo dos dez anos analisados. Já os ganhos de produtividade parecem ser os que demoram mais tempo a manifestarem-se, mas rondam os 10% de forma consistente ao longo do tempo.

Ainda uma minoria de empresas portuguesas aposta em formação
Apesar dos benefícios da formação de trabalhadores para as empresas, 84% das empresas portuguesas não apostaram na formação dos seus trabalhadores em 2019. Das 16% que apostaram, a grande maioria promoveu efetivamente atividades educativas e formativas (93%), enquanto as restantes compensaram financeiramente o trabalhador em substituição da formação.
A aposta na formação dos trabalhadores difere muito com a dimensão das empresas: quanto mais trabalhadores tem a empresa, mais provável é apostar na formação destes. Entre as empresas com 500 trabalhadores ou mais, apenas 1 em cada 10 empresas não aposta na formação contínua dos seus trabalhadores. Por outro lado, são apenas 11% as empresas até 10 trabalhadores que o fazem, e esse valor vai subindo quanto maior a dimensão da empresa. Isto implica que uma fatia mais substancial dos trabalhadores participe em ações de formação: em 2019, eram 37% dos trabalhadores em empresas.
Empresas portuguesas que deram formação aos trabalhadores em 2019, por dimensão da empresa
FONTES: GEP/MTSSS
Trabalhadores menos qualificados e mais velhos são os que menos participam em formação dada pelas empresas
Há diferenças importantes no tipo de empresas que apostam em formação e, mesmo dentro das empresas, a formação não é uniforme para todos os trabalhadores. Não se registam diferenças entre géneros, mas subsistem diferenças entre faixas etárias. São os trabalhadores das idades intermédias (18 a 44 anos) que mais participam em ações de formação. Entre os mais velhos, com 65 e mais anos, a participação reduz-se a apenas 19%.
A disparidade também se faz notar ao nível das qualificações dos trabalhadores que participam em formação, com uma clara tendência para os trabalhadores com maiores níveis de escolaridade (Mestrado 58%, Licenciatura 49% e Bacharelato 48%) e em profissões mais qualificadas e, em geral, melhor remuneradas (Especialistas de atividades intelectuais e científicas 48% e Técnicos e profissões de nível intermédio 46%). Estes dados revelam que os trabalhadores menos qualificados e mais velhos são aqueles que menos participam nas ações de formação, possivelmente aqueles que mais beneficiariam de uma atualização de competências.
Trabalhadores que participaram em formação nas empresas em 2019, por nível de escolaridade, grupo profissional e faixa etária
FONTES: GEP/MTSSS
Os obstáculos para a aposta na formação por parte das empresas passam pelo custo, dificuldade em avaliar necessidades, falta de tempo e de formações adequadas
De acordo com um inquérito internacional, 50% das empresas portuguesas consideram a formação dos colaboradores como muito importante, um valor superior à média das empresas dos 27 países da União Europeia (35%). Este é um dado positivo, mas a realidade é que são menos as empresas portuguesas que apostam efetivamente na formação. Uma diferença que sugere que os custos ou obstáculos se sobrepõem aos benefícios.
Outro inquérito internacional, realizado a empresas com pelo menos 10 trabalhadores, revela que o principal obstáculo para as empresas portuguesas não apostarem na formação dos seus trabalhadores, apontado por 46,3% delas, é o elevado custo dos cursos de formação. Um valor que fica muito acima da média da União Europeia, 29%. Além disso, 40,5% das empresas portuguesas apontam a dificuldade em conciliar o tempo necessário para formação com o elevado volume de trabalho, também acima da média europeia (32%). Um terço das empresas considera que há falta de formação adequada no mercado (30%) e que tem dificuldade em avaliar as necessidades de formação (31%).

A incidência destes obstáculos é significativamente mais elevada em Portugal do que na média das empresas europeias, indicando que são necessárias medidas que ativem o papel das empresas na formação dos seus trabalhadores e que envolvam todos os intervenientes na formação de profissionais: decisores políticos, empresas, entidades formativas, trabalhadores.
Razões para as empresas não darem formação aos trabalhadores
FONTES: Eurostat
NOTAS: Dados de 2015 (últimos disponíveis). Apenas são incluídas nos dados originais empresas com pelo menos 10 trabalhadores.
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