
A Transformação do Emprego em Portugal até 2019 _
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A Transformação do Emprego em Portugal até 2019 _


Desde 2013 tem-se assistido a uma recomposição do emprego a vários níveis. O emprego em setores de alta tecnologia tem aumentado, representando, em 2019, 39% do emprego total
A tendência vai no sentido do crescimento do emprego que envolve tarefas predominantemente abstratas (em detrimento das manuais) e com menor risco de automação. As ocupações que mais perderam volume de emprego empregam maioritariamente trabalhadores menos qualificados. As mulheres estão em minoria nas profissões que mais perdem e em maioria na generalidade das profissões que mais crescem. Os dados sugerem que poderá haver uma escassez de profissionais nas áreas das tecnologias de informação e comunicação e também de profissionais de saúde, pelo menos no setor empresarial.
O emprego recuperou depois da crise financeira
As oportunidades de emprego sofreram um decréscimo considerável na sequência da crise financeira internacional, responsável por um número de empregos destruídos muito superior aos postos de trabalho criados.
Entre 2011 e 2013, houve uma perda líquida de cerca de 311 mil empregos em Portugal, que se refletiu num decréscimo de 7% da população empregada face a 2011. Após 2013, o número de novos empregos voltou a aumentar sistematicamente, uma retoma que permitiu, em 2017, ter o mesmo nível de população empregada que em 2011 e chegar a 2019 com uma população empregada 4% superior à de 2011.
As dinâmicas no mercado de trabalho no pré e no pós crise financeira não foram uniformes entre diferentes grupos da população, o que resultou em diferenças na composição da população empregada.
Os homens estão em maior número na população empregada mas verificou-se uma progressiva convergência na última década. Até porque foram os homens que mais postos de trabalho perderam na sequência da crise financeira, com o seu volume de emprego a decrescer 8%. Já o emprego das mulheres caiu menos, cerca de 5%. O período de 2013 a 2019 foi de crescimento para ambos os grupos, mas mais pronunciado para as mulheres: 9,4% e 12,5% para homens e mulheres, respetivamente. Estas dinâmicas implicaram uma ligeira alteração da composição da força de trabalho, no sentido da paridade entre géneros. As mulheres, que em 2011 representavam cerca de 48% da população empregada, passaram para 49% do total dos trabalhadores portugueses em 2019.

Evolução da população empregada em Portugal por faixa etária
FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN
NOTAS: Faixas etárias - 15-24 anos, 25-34 anos, 35-44 anos, 55 ou mais anos, Total (15 ou mais anos)
A população empregada envelheceu
O grupo dos trabalhadores mais velhos, sobretudo com idade superior a 44 anos, viu o seu peso na força de trabalho aumentar. Em 2019, representava quase 48% do total de trabalhadores, mais 5 pontos percentuais do que em 2011.
Este dado reflete o aumento de 17% no número de trabalhadores com mais de 44 anos naquele período. Este grupo de trabalhadores foi o menos afetado pela crise financeira, tendo o volume de emprego permanecido praticamente inalterado entre 2011 e 2013. Em contrapartida, os jovens trabalhadores dos 25 aos 34 anos constituem um grupo especialmente penalizado. Em 2011 ocupavam 23% dos empregos existentes, mas viram esta quota reduzir para 21%, em 2013. Aquilo que parecia ser uma consequência da crise prolongou-se até 2019, ano em que já só representavam 19% do total de trabalhadores.

A escolaridade dos trabalhadores está a aumentar
A melhoria das qualificações da população portuguesa tem, naturalmente, efeitos na escolaridade da população empregada.
Entre 2011 e 2019, o número de trabalhadores que concluiu o ensino secundário e o ensino superior aumentou 50% e 54%, respetivamente. Já o número dos menos escolarizados, que terminaram apenas o ensino básico, reduziu 27%.
Estas dinâmicas implicaram uma recomposição da população empregada por níveis de educação. A população menos escolarizada deixou de estar em maioria (correspondiam a 61% dos trabalhadores em 2011, passando para 43% em 2019). Esta descida é compensada pelo aumento do peso dos trabalhadores com o ensino secundário, de 20% para 29%, e dos diplomados de ensino superior, de 19% para 28%. A maior escolarização da população empregada também se verifica entre os diferentes ciclos do ensino superior. A licenciatura continua a ser o ciclo mais comum, mas tem perdido terreno para os mestrados. A população empregada com mestrado quase triplicou desde 2011. Esta evolução é particularmente expressiva entre os trabalhadores mais jovens: em 2019, 34% dos trabalhadores jovens dos 25 aos 34 anos com ensino superior tinham o grau de mestres.

População Empregada por nível de escolaridade e faixa etária em 2011, 2013 e 2019
FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN
NOTAS: Faixa etária - 25-34 anos e Total (15 ou mais anos). Percentagens arredondadas às unidades pelo que o total poderá ser diferente de 100%. Classificação dos níveis de ensino no Anexo Metodológico.
O setor dos serviços pesa cada vez mais no emprego
Em 2011, o emprego em Portugal concentrava-se no setor terciário, tendência que foi reforçada ao longo da década, em detrimento dos setores primário e secundário. O reforço da importância relativa do setor dos serviços no emprego - de 63% em 2011 para 70% em 2019 - foi compensado pela queda do setor secundário (atividades na indústria, construção, energia e água), cujo peso no emprego total caiu cerca de 2 pontos percentuais, mas principalmente do setor primário (agricultura, silvicultura, pecuária, pesca e caça) cujo peso no emprego total caiu para praticamente metade, fixando-se nos 5% em 2019. A evolução do emprego nas diferentes atividades do setor secundário não foi uniforme. Entre 2011 e 2019, enquanto o emprego caiu na construção (-28%) e nas indústrias extrativas (-31%), aumentou no setor da energia (+21%) e na manufatura (7%).
2019
2011
POPULAÇÃO EMPREGADA NO SETOR DOS SERVIÇOS
População Empregada por setor agregado de atividade económica em 2011, 2013 e 2019
FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN
NOTAS: Percentagens arredondadas às unidades pelo que o total poderá ser diferente de 100%. Classificação dos setores de atividade no Anexo Metodológico.
O emprego em setores de alta tecnologia tem crescido, sobretudo nos serviços
Uma desagregação mais fina dos setores de atividade permite perceber que o emprego em setores de alta tecnologia aumentou 20% entre 2011 e 2019, o equivalente à criação de cerca de 330 mil empregos, reforçando o seu peso no emprego total em 5 pontos percentuais: de 34% para 39% em 2019. De acordo com o Eurostat, o emprego em setores de alta tecnologia corresponde ao emprego em indústrias de alta tecnologia e em serviços intensivos em conhecimento. Este é um fator relevante dada a importância das novas tecnologias em criar vantagem comparativa e como motor do crescimento económico e da produtividade. O emprego em indústrias de alta tecnologia e em serviços intensivos em conhecimento aumentou, mas têm pesos muito distintos no emprego total.

A percentagem do emprego em indústrias de média-alta e alta tecnologia manteve-se praticamente constante entre 2011 e 2019, e representava neste último ano apenas 3% do emprego total em Portugal e 19% do emprego total no setor da manufatura. O emprego em indústrias de média-baixa e baixa tecnologia continua a ter mais peso, cerca de 14% do emprego total, número que se tem mantido estável na última década. Em 2019, o emprego em serviços intensivos em conhecimento representava 52% do emprego em serviços e 36% do emprego total, depois de ter aumentado 5 pontos percentuais desde 2011. Os outros setores dos serviços também aumentaram 10% face a 2011, representando 34% do emprego total e 48% do setor dos serviços.
População empregada por setor e nível de intensidade tecnológica e de conhecimento em 2011, 2013 e 2019
FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN
NOTAS: Percentagens arredondadas às unidades pelo que o total poderá ser diferente de 100%. Classificação relativa à intensidade tecnológica e de conhecimento dos diversos setores de atividade económica é baseada na classificação do Eurostat e está disponível no Anexo Metodológico.
Os empregos com tarefas predominantemente manuais e com maior risco de automação estão a perder terreno
A evolução do emprego desde 2011 revela que as ocupações onde predominam as tarefas manuais - que requerem esforço físico, força ou interação interpessoal direta de natureza repetitiva - têm perdido terreno para as ocupações com tarefas mais abstratas - relacionadas com criatividade, organização e gestão, capacidade cognitiva e raciocínio abstrato. Os empregos do tipo ‘manual’ caíram cerca de 1% entre 2011 e 2019 (o número não reflete uma forte queda no período da crise financeira, pois foi praticamente recuperado durante a retoma). O emprego do tipo ‘abstrato’ manteve-se praticamente inalterado entre 2011 e 2013, e registou um forte aumento entre 2013 e 2019 (21%). Os empregos do tipo ‘abstrato’ reforçaram o seu peso em 6 pontos entre 2011 e 2019. Essa evolução leva a que, nesse último ano, cerca de metade do emprego seja de cada um dos dois tipos: 47% abstrato e 49% manual. Comparativamente à generalidade da população empregada, uma maior proporção dos trabalhadores mais jovens (25-34 anos) estão em empregos do tipo ‘abstrato’ em qualquer um dos anos analisados.
População empregada por tipo principal de tarefas das ocupações (manuais versus abstratas) e Faixas etárias em 2011, 2013 e 2019
FONTES: Inquérito ao Emprego (INE)e FJN
NOTAS: Faixas etárias - 25-34 anos e Total (15 ou mais anos). Percentagens arredondadas às unidades pelo que o total poderá ser diferente de 100%. A classificação das ocupaçãoes nas categorias manuais e abstratas segue Autor, Levy e Murnane (2003) e está disponível no Anexo Metodológico.
Os empregos com menor risco de automação têm vindo, lentamente, a substituir aqueles em que, num futuro próximo, os trabalhadores podem ser substituídos por robots. Os trabalhadores em profissões com baixo risco de automação representavam, em 2011, 37% do total da população empregada, quota que aumentou 9 pontos percentuais até 2019. No período da crise financeira, até 2013, é de notar que o emprego em ocupações com alto risco de automação caiu 12%, enquanto que o emprego nas ocupações de baixo risco aumentou 3%. No período de retoma, entre 2013 e 2019, o aumento do emprego foi muito mais pronunciado para as ocupações com baixo risco de automação: 25%, contra 2% nas ocupações de alto risco. Já a criação de emprego dos jovens com idades dos 25 aos 34 anos parece ocorrer cada vez mais em ocupações em que o risco de automação é baixo. Esta tendência permitiu reduzir de 55% para 50% a quota de trabalhadores jovens com ocupações com baixa probabilidade de automação. A proporção de trabalhadores mais jovens em ocupações de risco mais elevado de automação é sempre mais baixa do que a generalidade da população empregada, para qualquer um dos anos em análise.
População empregada por risco de automação das ocupações e faixa etária em 2011, 2013 e 2019
FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN
NOTAS: Faixas etárias - 25-34 anos e Total (15 ou mais anos). Percentagens arredondadas às unidades pelo que o total poderá ser diferente de 100%. A classificação das ocupações nas categorias com baixo e alto risco de automação usa os dados apresentados em Nedelkoska e Quintini (2018) e está disponível no Anexo Metodológico.
No entanto, o próprio risco de automação é dinâmico e depende dos progressos tecnológicos que permitirão, por exemplo, a inteligência artificial substituir tarefas mais complexas e cognitivas. Assim, tarefas que com a tecnologia de hoje são consideradas como não automatizáveis podem passar a sê-lo, colocando pressão nas competêcncias e qualificações necessárias para o futuro.
As competências que ganharam e perderam preponderância
A transformação do emprego registada entre 2011 e 2019 levou a que a preponderância de diferentes competências tenha evoluído.
Nesse período, evidenciam-se as competências de 'Programação e design de tecnologias', pelo crescimento acentuado na totalidade do emprego.
O crescimento foi moderado até 2013, mas acelerou no período que se seguiu à crise financeira, tendo obtido uma taxa de crescimento para todo o período de 8,8%. Embora menor, é também visível um crescimento da intensidade de utilização das competências de 'Interpretação científico-matemática' e 'Análise e avaliação de sistemas'. Estas três competências são precisamente aquelas que em 2018 estavam associadas a um maior salário real médio entre os trabalhadores por conta de outrem. São ocupações que utilizam intensamente as várias competências e que são mais usadas em profissões do tipo abstrato. Em contrapartida, no mesmo período (de 2011 a 2019) decresceu a intensidade de utilização de competências como as de 'Monitorização e controlo de operações' e de 'Seleção, instalação e manutenção de equipamentos e sistemas'. Apesar desse decréscimo ter sido observado ao longo de todo o período, foi mais acentuado no período da crise do que no período pós-crise.
Variação da intensidade de utilização das competências no emprego entre 2011 e 2019
FONTES: Brighter Future, Inquérito ao Emprego (INE), O*NET e FJN
NOTAS: Classificação das competências e metodologia no Anexo Metodológico.
As ocupações que perderam mais emprego são ocupadas na sua maioria por trabalhadores pouco qualificados
A variação do número de trabalhadores entre 2011 e 2019 não foi uniforme em todas as ocupações.
As 10 profissões que mais emprego perderam assistiram, no seu conjunto, a uma redução superior a meio milhão de postos de trabalho. São sobretudo as ocupações que empregavam, em 2011, grandes quotas de trabalhadores menos qualificados.
Estas ocupações viram a educação média dos seus trabalhadores crescer até 2019 mas, apesar da recomposição em termos de qualificações, continuavam a empregar sobretudo trabalhadores pouco escolarizados. Em 7 dessas profissões, a quota de trabalhadores com o ensino básico como nível de escolaridade máximo situava-se, em 2019, entre 67% a 94%. Incluem-se nesse grupo profissões relacionadas com o setor primário - agricultores, criadores de animais, pescadores e caçadores - mas também trabalhadores da construção, dos resíduos, da limpeza, da transformação de alimentos, madeira ou vestuário e trabalhadores não qualificados da indústria extrativa e transformadora, construção, e transportes. O nível de ensino secundário é o dominante em duas das restantes (‘Outro pessoal de apoio de tipo administrativo’ e ‘Outro pessoal das Forças Armadas’), embora se tratem de profissões com um volume de emprego total baixo.

Profissões com maior perda de volume de emprego entre 2011 e 2019
FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN
NOTAS: Profissões a 2 dígitos segundo a Classificação Portuguesa das Profissões. Percentagens arredondadas às unidades.
A maioria das profissões que mais criaram emprego têm sobretudo trabalhadores qualificados, mas há maior variabilidade
Já o grupo de profissões em que a criação de novos postos de trabalho mais superou o número dos que desapareceram conta com uma criação líquida de emprego superior a meio milhão de empregos entre 2011 e 2019. Em muitas das profissões, o aumento do volume de emprego foi sempre crescente, mesmo no período da recessão económica.
O número de ‘Especialistas em tecnologias de informação e comunicação (TIC)’ aumentou 278%, um crescimento notável que permitiu que a quota de emprego associada a esta profissão (muito baixa em 2011 com cerca de 0,4% do emprego total) tenha aumentado 1,2 pontos percentuais até 2019. Cerca de 70% destes trabalhadores tinham, em 2011, um diploma de ensino superior, quota que passou para 80% em 2019.
Esta predominância de trabalhadores com o ensino superior é comum a outras profissões que viram o volume de emprego aumentar de forma significativa neste período.
É o caso dos ‘Especialistas das ciências físicas, matemáticas, engenharias e técnicas afins’, dos ‘Profissionais de Saúde’ e dos ‘Professores’, que já em 2011 tinham uma percentagem de diplomados de ensino superior elevada, cerca de 93%, 97% e 96%, respetivamente. Números que se mantiveram pouco alterados até 2019. Nestas ocupações, o emprego cresceu de forma continuada, durante e após a recessão, sendo que todas elas aumentaram o seu peso no emprego total até 2019.
Por outro lado, os ‘Trabalhadores dos cuidados pessoais e similares’, os ‘Trabalhadores dos serviços pessoais’ e os ‘Vendedores’, têm, em geral, níveis de escolaridade relativamente baixos. Em 2011, o ensino básico era a escolaridade máxima dos trabalhadores que exerciam estas profissões (entre 66% a 72%). Em 2019 manteve-se como o nível de escolaridade mais frequente nestas profissões, mas agora com uma quota inferior à de 2011 em 20 pontos percentuais em ambas as profissões.

Profissões com maior aumento de volume de emprego entre 2011 e 2019
FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN
NOTAS: Profissões a 2 dígitos segundo a Classificação Portuguesa das Profissões. Percentagens arredondadas às unidades.
As ocupações com maior criação de emprego são maioritariamente ocupadas por mulheres, com a grande exceção dos ‘Especialistas em TIC’
A queda do emprego nas profissões com maior destruição de emprego entre 2011 e 2019 foi repartida entre ambos os sexos. No entanto, as mulheres estão em maioria no conjunto das profissões com maior aumento do volume de emprego. E a maior fatia de crescimento de empregos deveu-se às mulheres (66%). No entanto, há algumas exceções.
Em geral, as profissões com maior queda de emprego eram, em 2011, maioritariamente ocupadas por homens. Não era o caso dos ‘Trabalhadores da transformação de alimentos, madeira, do vestuário e outras indústrias e artesanato’ e nos ‘Trabalhadores de resíduos e de outros serviços elementares’, nas quais as mulheres estavam em maioria. Nestas profissões, a queda de emprego foi mais acentuada no sexo feminino e, em 2019, os homens passaram a estar em maioria. A grande exceção no grupo de profissões em que as mulheres estão em maioria é ‘Trabalhadores de limpeza’, que perdeu cerca de 33 mil empregos. Apesar da maior queda de emprego se ter verificado entre os homens (-34% versus -15% para o sexo feminino), eles continuavam a representar apenas cerca de 6% do total dos ‘Trabalhadores de limpeza’.
Na maioria das ocupações que mais criaram emprego entre 2011 e 2019, já havia mais mulheres que homens em 2011. E o peso feminino foi reforçado até 2019. Era o caso dos 'Trabalhadores dos serviços pessoais', 'Empregados de escritório e secretários', 'Professores', 'Especialistas em finanças, contabilidade, organização administrativa, relações públicas e comerciais', 'Vendedores', 'Profissionais de saúde' e, principalmente, dos ‘Trabalhadores dos cuidados pessoais’, a profissão que mais cresceu em termos absolutos (mais de 83 mil empregos) e que em 2019 contava com 95% de mulheres. Noutra profissão com acentuado aumento de emprego entre 2011 e 2019, ‘Especialistas das ciências físicas, matemáticas, engenharias e técnicas afins’, os homens estavam e continuam a estar em maioria, embora as mulheres tenham aumentado o seu peso. A grande exceção verifica-se na categoria que mais cresceu em termos relativos: ‘Especialistas em tecnologias de informação e comunicação (TIC)'. O aumento no seu volume de emprego entre 2011 e 2019 foi semelhante para ambos os sexos (278% para homens e 275% para mulheres), o que fez com que o peso das mulheres não se alterasse, continuando a representar 18% destes profissionais.

Há profissões em que parece haver escassez de oferta de trabalhadores
O aumento de emprego em algumas profissões específicas indica certamente um aumento da procura por estes profissionais. Mas será que há indícios de escassez de alguns profissionais? Ou seja, será que o emprego poderia ter crescido ainda mais do que o verificado caso houvesse oferta de trabalhadores com as competências necessárias para cobrir a procura?
Embora não sejam indicadores diretos para medir a escassez de mão-de-obra, é útil aferir o crescimento dos salários reais e do emprego por profissão. O seu crescimento simultâneo pode sinalizar um excesso de procura face à oferta disponível. Para o aferir, é importante fazer esta análise a partir de 2015, quando se iniciou a recuperação do salário médio das pessoas ao serviço em empresas em Portugal no período pós-crise.
Olhando apenas para profissões mais qualificadas, a fim de evitar capturar o efeito do aumento do salário mínimo, identificam-se várias profissões com crescimento do salário real. Destas, destacam-se as profissões que registam um crescimento acima da média, quer no salário real quer no volume de emprego: ‘Profissionais de saúde’, ‘Especialistas em tecnologias de informação e comunicação’ e ‘Técnicos das tecnologias de informação e comunicação’. Esse é também o caso da categoria dos ‘Técnicos de nível intermédio dos serviços jurídicos, sociais, desportivos, culturais e similares’, mas cujo crescimento salarial se deve essencialmente aos ‘Atletas e desportista de profissão’ que apresentam salários muito acima da média e sem relação com o nível de escolaridade.

Variação Do número de trabalhadores e do salário médio real entre 2015 e 2018 por profissão
FONTES: Quadros de Pessoal (GEP/MTSSS) e FJN
Nota: São apresentadas as profissões a 2 dígitos que pertencem aos grupos profissionais mais qualificados segundo a Classificação Portuguesa das Profissões (CPP 1 a 3). São consideradas as pessoas ao serviço em empresas do setor privado e do setor empresarial do estado. Os trabalhadores independentes, de serviço doméstico e do setor público administrativo não integram os dados originais. A dimensão dos pontos indica o número de pessoas ao serviço em cada profissão no ano de 2018.
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