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ESTADO DA NAÇÃO 2021
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A educação compensa mas nem sempre garante emprego e de qualidade _

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A educação compensa mas nem sempre garante emprego e de qualidade _

Ultrapassada a fase de transição educação-trabalho, mais educação está associada a maior empregabilidade e a menor propensão ao desemprego.

2020 veio relembrar que mais educação protege a situação dos jovens no mercado de trabalho em situações de crise económica, tendo a queda no emprego sido menor para os mais qualificados. Apesar do ganho de empregabilidade, uma parte substancial dos diplomados do ensino superior, principalmente os mais jovens, trabalham em ocupações que não exigem este nível de ensino, o que se traduz numa perda económica e social.

2.1 _ OS DIPLOMADOS DO ENSINO SUPERIOR TÊM UMA TRANSIÇÃO MAIS FÁCIL PARA O MERCADO DE TRABALHO
2.2 _ EDUCAÇÃO GARANTE MAIOR EMPREGABILIDADE? OUTRO CHOQUE DE GERAÇÕES
2.3 _ MUITOS DIPLOMADOS TÊM UM EMPREGO DESADEQUADO AO SEU NÍVEL DE EDUCAÇÃO
2.4 _ MAIS EDUCAÇÃO É SINÓNIMO DE MELHORES SALÁRIOS

2.1 _ Os diplomados do ensino superior têm uma transição mais fácil para o mercado de trabalho

2.1 _ OS DIPLOMADOS DO ENSINO SUPERIOR TÊM UMA TRANSIÇÃO MAIS FÁCIL PARA O MERCADO DE TRABALHO
2.2 _ EDUCAÇÃO GARANTE MAIOR EMPREGABILIDADE? OUTRO CHOQUE DE GERAÇÕES
2.3 _ MUITOS DIPLOMADOS TÊM UM EMPREGO DESADEQUADO AO SEU NÍVEL DE EDUCAÇÃO
2.4 _ MAIS EDUCAÇÃO É SINÓNIMO DE MELHORES SALÁRIOS

A taxa de emprego de quem termina os estudos superiores é sempre maior

O momento de transição para o mercado de trabalho após a conclusão dos estudos é relevante porque influencia a carreira profissional futura.

A taxa de emprego entre os jovens dos 20 aos 34 anos que terminam um grau de ensino revela uma vantagem clara para quem completa o ensino superior. Em 2019, 80,6% dos que terminaram o ensino superior nos últimos 3 anos estavam empregados, o que compara com 73,5% de quem terminou o ensino secundário no mesmo período.

No entanto, parece haver diferenças entre quem termina o ensino secundário pela via geral, ou seja em cursos científico-humanísticos orientados para o prosseguimento de estudos de nível superior, ou pela via vocacional, ou seja, em cursos profissionais que desenvolvem competências necessárias ao exercício de uma profissão. A via profissional permite uma melhor inserção no mercado de trabalho. Em 2019, a taxa de emprego de quem termina o ensino secundário pela via geral e pela via vocacional era de 71,2% e 74,5%, respetivamente. No entanto, esta vantagem do ensino vocacional face ao geral, é recente. Em 2014, quando se começou a medir esta desagregação do ensino secundário, a vantagem era do ensino geral, como uma diferença de 8 pontos percentuais. Esta evolução sugere que tem havido maior aceitação da via profissionalizante do ensino secundário por parte dos empregadores.

A evolução destes indicadores desde 2011 manifesta as flutuações inerentes aos movimentos de depressão e recuperação económica, na sequência do impacto da anterior crise financeira na economia portuguesa. A comparação entre níveis de escolaridade revela que a vantagem de quem termina o ensino superior é consistente ao longo de todo o período, com um reforço dessa vantagem para os mais qualificados, sobretudo desde 2017.

Taxa de emprego dos recém-formados dos 20-34 anos por nível de escolaridade e sexo

FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN

NOTAS: É considerada a população entre os 20 e os 34 anos que terminou o ensino secundário ou superior nos 3 anos anteriores ao ano de referência do inquérito e e que não participa em educação ou formação nesse ano. Classificação dos níveis de ensino no Anexo Metodológico.

A vantagem do ensino superior face ao secundário na transição para o mercado de trabalho é superior nas mulheres

Apesar de, em 2019, a taxa de emprego dos recém-formados do ensino superior ser idêntica para homens e mulheres (81,1% nos homens e 80,4% nas mulheres), a vantagem face ao ensino secundário tornou-se muito superior para as mulheres a partir de 2016. Em 2019, a taxa de emprego das mulheres que terminaram o ensino superior nos últimos 3 anos era cerca de 18% superior quando comparada com o mesmo indicador para as que terminaram o ensino secundário. A diferença no caso dos homens não chegava aos 5%.

O risco de desemprego é menor para quem termina o ensino superior

A análise da taxa de desemprego remete mais diretamente para situações involuntárias de afastamento do mercado de trabalho. A taxa de desemprego entre os recém-formados teve um forte aumento no início da década, no período de crise. Em 2012, os números do desemprego jovem rondavam os 30%, mesmo para os diplomados do ensino superior, tendo baixado consideravelmente no pós-crise para os diplomados do ensino superior, sobretudo entre as mulheres.

Em 2019, a taxa de desemprego dos recém-formados estava a níveis mais baixos e continuava a ser mais baixa para os diplomados do ensino superior (13,5%). Para o sexo feminino, em 2019 terminar o ensino superior implicava um risco de desemprego nos anos seguintes à graduação cerca de 8 pontos percentuais menor face a quem terminava o ensino secundário. Para os homens, existia em 2019 pouca diferença na taxa de desemprego entre os recém-formados nos dois níveis de escolaridade, com valores próximos dos 13,1% para formados do ensino secundário e 12,4% para diplomados do ensino superior.

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TAXA DE DESEMPREGO DOS RECÉM-FORMADOS DO ENSINO SUPERIOR, 2019

Taxa de desemprego dos recém-formados dos 20-34 anos por nível de escolaridade e sexo

FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN

NOTAS: É considerada a população entre os 20 e os 34 anos que terminou o ensino secundário ou superior nos 3 anos anteriores ao ano de referência do inquérito e que não participa em educação ou formação nesse ano. Classificação dos níveis de ensino no Anexo Metodológico.

O risco de desemprego difere entre áreas de estudo

O ensino superior continua a conferir uma proteção maior contra situações de desemprego quando comparado ao ensino secundário. Uma vantagem que esconde, no entanto, diferenças significativas entre áreas de estudo.

Analisando os recém-diplomados do ensino superior inscritos como desempregados no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), é evidente o decréscimo da propensão ao desemprego nos últimos anos. Em apenas 5 anos, a propensão ao desemprego passou dos 9,5% em 2014 para 3,6% em 2019. Esta melhoria foi transversal a todas as áreas de formação, mas ainda persistem diferenças significativas, com algumas áreas a apresentarem o dobro do risco de desemprego face às restantes.

Em 2014 e em 2019 foram os cursos das áreas CTEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática), ‘Saúde e proteção social’ e ‘Educação’ que apresentaram propensão ao desemprego abaixo da média. Em 2019, o desemprego foi menor entre os diplomados da área de ‘Ciências naturais, matemática e estatística’ (cerca de 2%). Em contraste, o risco de desemprego é superior à média para quem se forma nas áreas de ‘Serviços’, ‘Agricultura, silvicultura, pescas e ciências veterinárias’, e principalmente nas áreas de ‘Ciências empresariais, administração e direito’, ‘Artes e humanidades’ e ‘Ciências sociais, jornalismo e informação’.

Propensão ao desemprego de recém-formados do ensino superior por área de formação

FONTES: Infocursos (DGEEC) e FJN

NOTAS: Propensão ao Desemprego: Rácio entre os recém-diplomados registados como desempregados no IEFP em cada ano e todos os alunos que se diplomaram em cursos de cada área de formação nos quatro anos letivos anteriores. Consideram-se apenas os cursos de Licenciatura e Mestrado Integrado com pelo menos 30 alunos diplomados no período de referência. Classificação das áreas de formação de acordo com a CITE-F 2013 no Anexo Metodológico.

2.2 _ EDUCAÇÃO GARANTE MAIOR EMPREGABILI­DADE? OUTRO CHOQUE DE GERAÇÕES

2.1 _ OS DIPLOMADOS DO ENSINO SUPERIOR TÊM UMA TRANSIÇÃO MAIS FÁCIL PARA O MERCADO DE TRABALHO
2.2 _ EDUCAÇÃO GARANTE MAIOR EMPREGABILIDADE? OUTRO CHOQUE DE GERAÇÕES
2.3 _ MUITOS DIPLOMADOS TÊM UM EMPREGO DESADEQUADO AO SEU NÍVEL DE EDUCAÇÃO
2.4 _ MAIS EDUCAÇÃO É SINÓNIMO DE MELHORES SALÁRIOS

Quanto maior o nível de educação, maior a probabilidade de estar empregado

Esta vantagem verifica-se anualmente e tem permanecido relativamente constante ao longo do tempo.

Em 2019, por exemplo, a taxa de emprego dos diplomados (25-64 anos) do ensino superior foi de 88,6%, um valor superior aos que tinham o ensino secundário (84,8%). Para o grupo dos menos escolarizados, o valor não passava os 70,3%. O hiato de empregabilidade é, portanto, mais pronunciado entre os que apenas terminam o ensino básico e os mais escolarizados.

As mulheres apresentam sempre taxas de emprego menores quando comparadas com a dos homens com a mesma educação, mas os ganhos em termos de emprego associados a maiores níveis de educação são mais evidentes para o sexo feminino. Em 2019, a vantagem das mulheres em concluir o ensino secundário face ao ensino básico era superior à dos homens, em cerca de 10 pontos percentuais (20 pontos para mulheres e 9,6 para homens). Já o hiato da vantagem do ensino superior face ao secundário não chegava a 2,5 pontos (5,1 para mulheres e 2,8 para homens).

Taxa de emprego dos adultos por nível de escolaridade e sexo

FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN

NOTAS: Adultos dos 25 aos 64 anos. Classificação dos níveis de ensino no Anexo Metodológico.

...e menor a probabilidade de estar desempregado

Importa também analisar a taxa de desemprego que remete diretamente para situações involuntárias de afastamento do mercado de trabalho. Também neste caso, há vantagens associadas a níveis de educação mais elevados quando considerada a população dos 25 até aos 64 anos. No entanto, estas diferenças têm vindo a esbater-se nos últimos anos, no seguimento da queda generalizada do desemprego depois do pico verificado em 2013.

Nos anos mais recentes, o ensino superior continua a oferecer uma maior proteção a situações de desemprego comparativamente aos níveis de ensino menos qualificados. Em 2019, a taxa de desemprego para quem completou o ensino básico, secundário e superior foi 6,4%, 5,8% e 4,8%, respetivamente. Estas diferenças devem-se sobretudo às mulheres, já que as taxas de desemprego dos homens com diferentes níveis de ensino têm vindo a aproximar-se.

As vantagens da maior escolaridade são menos evidentes entre os mais jovens, sobretudo nos homens

Para a população entre os 25 e os 34 anos, ter o ensino secundário ou superior não se traduz em grandes diferenças na probabilidade de estar empregado. Em 2019, na dianteira continua a estar quem completa o ensino superior, mas a diferença face a quem termina o ensino secundário não chegava a 1 ponto percentual. Entre os menos escolarizados que não terminam o ensino secundário, menos de 80% está empregado. A recuperação económica na última década favoreceu o emprego de todos os níveis de educação, mas de forma mais consistente os grupos mais escolarizados, incluindo o ensino secundário.

Estas tendências são influenciadas principalmente pelo emprego das mulheres jovens, que evidenciam uma maior vantagem relativa em obter níveis de educação mais elevados.

Nos homens, tem-se verificado uma convergência das taxas de emprego dos diferentes níveis de educação. Em 2019, independentemente do nível de educação, cerca de 85% dos homens entre os 25 e os 34 anos estavam empregados, com uma vantagem muito ligeira para os que completam o ensino secundário. Já para as mulheres, compensa estudar mais pois a taxa de emprego é superior em 14 pontos quando comparados os ensino secundário e básico e de 1,5 pontos quando comparados os ensinos superior e secundário.

Taxa de emprego dos jovens adultos por nível de escolaridade e sexo

FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN

NOTAS: Jovens adultos dos 25 aos 34 anos. Classificação dos níveis de ensino no Anexo Metodológico.

É também entre os jovens dos 25 aos 34 anos que a educação parece conferir uma menor proteção ao desemprego.

Em 2019, a taxa de desemprego deste grupo etário com escolaridade secundária é inferior comparada com a de quem completou o ensino superior, muito por força dos homens. No caso do sexo masculino, até quem não passou do ensino básico tem taxas de desemprego menores do que quem completou o ensino superior, com a diferença a atingir 1 ponto. Para o sexo feminino, concluir pelo menos o ensino secundário tem resultado em taxas de desemprego substancialmente mais baixas. Assim, as vantagens associadas à obtenção de mais educação tornaram-se menos evidentes entre os homens.

Taxa de desemprego dos jovens adultos por nível de escolaridade e sexo

FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN

NOTAS: Jovens adultos dos 25 aos 34 anos. Classificação dos níveis de ensino no Anexo Metodológico.

Mais educação protege os jovens em tempos de crise

O último ano veio relembrar que mais educação parece fornecer maior proteção aos jovens em situações de crise económica, uma tendência que se verificou também em crises anteriores, mesmo que de diferentes naturezas.

As taxas de emprego dos jovens desceram significativamente em 2020 para todos os níveis de educação, mas o impacto parece ter sido mais sentido nos níveis mais baixos de educação. Mais uma vez, é sobretudo no caso das mulheres que os maiores níveis de escolaridade têm o efeito mais vincado. O emprego entre as diplomadas manteve-se praticamente inalterado, enquanto nos níveis mais baixos houve uma clara descida. No caso dos homens, as quebras das taxas de emprego são mais homogéneas entre os diferentes níveis de escolaridade.

O crescimento das taxas de desemprego entre os mais jovens foi significativamente menor para os diplomados do ensino superior, muito à custa do sexo feminino. Para os homens, mesmo entre os diplomados, o desemprego cresceu 2,7 pontos face a 2019, resultando numa taxa de desemprego em linha ou até superior a níveis de escolaridade mais baixos.

2.3 _ Muitos diplomados têm um emprego desadequado ao seu nível de educação

2.1 _ OS DIPLOMADOS DO ENSINO SUPERIOR TÊM UMA TRANSIÇÃO MAIS FÁCIL PARA O MERCADO DE TRABALHO
2.2 _ EDUCAÇÃO GARANTE MAIOR EMPREGABILIDADE? OUTRO CHOQUE DE GERAÇÕES
2.3 _ MUITOS DIPLOMADOS TÊM UM EMPREGO DESADEQUADO AO SEU NÍVEL DE EDUCAÇÃO
2.4 _ MAIS EDUCAÇÃO É SINÓNIMO DE MELHORES SALÁRIOS

Muitos diplomados do ensino superior trabalham em ocupações pouco qualificadas

As profissões que, à partida, exigem qualificações superiores são as de maior nível de complexidade, como os grupos profissionais ‘Diretores, dirigentes e gestores executivo’, ‘Especialistas das atividades intelectuais e científicas’ e ‘Técnicos e profissões de nível intermédio’.

Apesar da maior empregabilidade associada ao ensino superior, uma parte significativa dos diplomados deste nível de ensino não trabalham nestas ocupações, mas sim em ocupações que requerem um nível de educação inferior ao adquirido. A este fenómeno está normalmente associada uma perda económica, decorrente da subutilização de competências adquiridas, mas também ao nível social e psicológico resultante de menor motivação e satisfação com o trabalho, e respetiva perda de produtividade.

Em Portugal, cerca de 15% dos diplomados do ensino superior com idade entre os 25 e 64 anos que se encontram empregados, trabalham em profissões que não exigem este nível de formação.

Este valor tem vindo a aumentar ligeiramente ao longo da década e é consistentemente mais baixo entre os homens, que têm empregos mais ajustados ao seu nível de educação.

Isto afeta sobretudo os mais jovens

Quanto mais jovem é o trabalhador com ensino superior, maior é a probabilidade de estar a trabalhar numa ocupação de baixa complexidade que não exige esse nível de formação.

Em 2019, esse valor chegava aos 21,5% para os diplomados do ensino superior entre os 25 e os 34 anos. Este fenómeno é, em parte, temporário e mais frequente nos primeiros anos após a conclusão do curso. Mas pode ser um problema se os trabalhadores permanecerem nessas ocupações por períodos mais longos, diminuindo as hipóteses de transitarem para uma ocupação ajustada ao seu nível de escolaridade.

População empregada com ensino superior a trabalhar em ocupações que não exigem esse nível de ensino por faixa etária e sexo

FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN

NOTAS: Faixas etárias- 25-34 anos, 35-44 anos, 45-54 anos, 55-64 anos e 25-64 anos. Os grupos profissionais de elevada complexidade que pressupõem o ensino superior são: ‘Diretores, dirigentes e gestores executivo’, ‘Especialistas das atividades intelectuais e científicas’ e ‘Técnicos e profissões de nível intermédio’. As restantes ocupações são: ‘Pessoal administrativo’, ‘Trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores’, ‘Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura, da pesca e da floresta’, ‘Trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices’, ‘Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da montagem’, ‘Trabalhadores não qualificados’ e ‘Profissões das Forças Armadas’.

Algumas áreas de estudo garantem um emprego mais adequado

A percentagem de diplomados do ensino superior a trabalhar em ocupações que não exigem este nível de qualificação difere entre as diferentes áreas de estudo e género. Para os trabalhadores mais jovens, as áreas dos ‘Serviços’, ‘Ciências sociais, informação e jornalismo’, ‘Educação’ e ‘Ciências empresariais e direito’ apresentam uma proporção de trabalhadores diplomados em ocupações de baixa complexidade superior a 25%, enquanto na ‘Saúde e proteção social’, nas ‘Engenharias e técnicas afins’ e nas ‘Tecnologias de informação e comunicação’ essa proporção é menor do que os 15%.

A análise por género apresenta diferenças menores, sendo os maiores desajustamentos verificados nas áreas dos 'Serviços’ e das ‘Tecnologias de informação e comunicação’, em desfavor das mulheres.

População empregada com ensino superior a trabalhar em ocupações que não exigem esse nível de ensino por área de formação e faixa etária, 2019

FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN

NOTAS: Faixas etárias- 25-34 anos, 35-64 anos e 25-64 anos. Os grupos profissionais de elevada complexidade que pressupõem o ensino superior são: ‘Diretores, dirigentes e gestores executivo’, ‘Especialistas das atividades intelectuais e científicas’ e ‘Técnicos e profissões de nível intermédio’. As restantes ocupações são: ‘Pessoal administrativo’, ‘Trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores’, ‘Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura, da pesca e da floresta’, ‘Trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices’, ‘Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da montagem’, ‘Trabalhadores não qualificados’ e ‘Profissões das Forças Armadas’. Classificação das áreas de formação de acordo com a CITE-F no Anexo Metodológico.

2.4 _ MAIS EDUCAÇÃO É SINÓNIMO DE MELHORES SALÁRIOS

2.1 _ OS DIPLOMADOS DO ENSINO SUPERIOR TÊM UMA TRANSIÇÃO MAIS FÁCIL PARA O MERCADO DE TRABALHO
2.2 _ EDUCAÇÃO GARANTE MAIOR EMPREGABILIDADE? OUTRO CHOQUE DE GERAÇÕES
2.3 _ MUITOS DIPLOMADOS TÊM UM EMPREGO DESADEQUADO AO SEU NÍVEL DE EDUCAÇÃO
2.4 _ MAIS EDUCAÇÃO É SINÓNIMO DE MELHORES SALÁRIOS

Quem estuda mais, ganha melhor

Nos primeiros anos da segunda década do século XXI, por força da crise financeira internacional de 2009, todos os grupos de trabalhadores viram os seus salários reais reduzirem. Ainda assim, mais escolaridade está sempre associada a um salário superior. Isto revela que a educação, em termos salariais, compensa.

Para o conjunto das pessoas ao serviço em empresas, o maior ganho no salário bruto real médio verifica-se entre o ensino secundário e a licenciatura – são mais 750€ que correspondem a um ganho de 72%. Já o salário médio associado ao nível de mestrado é semelhante ao de licenciatura, o que se deve ao facto de os mestres serem sobretudo de uma faixa etária mais jovem que tende a ganhar menos que os trabalhadores mais experientes.

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ganho salarial médio bruto entre uma pessoa com ensino superior e secundário

Em geral, a compensação salarial associada a maior escolaridade é menor para os trabalhadores mais jovens, o que em parte se deve à sua menor experiência. Por exemplo, a vantagem de ter uma licenciatura face ao ensino secundário para os trabalhadores entre 25 e 34 anos é de 42%, que compara com os 72% do total dos trabalhadores.

No entanto, os jovens têm ganhos salariais superiores à generalidade da população nos cursos de pós-secundário e nos mestrados. Em 2018, havia um ganho salarial de 10,5% em concluir um curso pós-secundário não superior. No mesmo ano, os mestrados tinham um ganho salarial de 19,6% face às licenciaturas. Os mesmos valores para as pessoas ao serviço em empresas, independentemente da faixa etária, era de 6,6% e -0,1%.

Os ganhos salariais associados a mais educação têm diminuído ao longo dos anos, mas hoje compensa mais tirar um curso pós-secundário e um mestrado

Os trabalhadores mais jovens (25-34 anos) viram os seus salários diminuir entre 2010 e 2018 independentemente do seu nível de escolaridade.

Esta queda foi menor para os que não passaram do ensino básico, provavelmente justificada pelo aumento significativo do salário mínimo. De seguida, quem perdeu menos em termos salariais foram os cursos do pós-secundário não superior, com um decréscimo de 7%. Aliás, em 2018 compensava ligeiramente mais tirar um curso pós-secundário face ao ensino secundário do que em 2010.

Quem perdeu mais foram os jovens licenciados que, em 2018, tinham um salário real médio 17% inferior ao registado em 2010. Em comparação, a inversão da tendência decrescente dos salários ocorreu mais cedo para os mestres resultando numa queda menor entre 2010 e 2018, -10%. Estas dinâmicas justificam o aumento da diferença salarial que separa os mestres dos trabalhadores com licenciatura: em 2018, ser mestre equivalia a um ganho salarial de 19,6% face aos licenciados, que compara com 10,6% em 2010.

QUEDA SALARIAL DOS JOVENS LICENCIADOS

Salário médio real por nível de escolaridade e faixa etária

FONTES: Quadros de Pessoal (GEP/MTSSS) e FJN

NOTAS: Faixas etárias: jovens adultos (25-34 anos) e todas as idades incluídas na base de dados original. Salário médio bruto mensal (equivalente a tempo completo) a preços constantes de 2018. Inclui remuneração base e prestações regulares. São considerados os salários das pessoas ao serviço em empresas do setor privado e do setor empresarial do estado. Classificação dos níveis de ensino no Anexo Metodológico.

A disparidade salarial entre géneros é transversal a todos os níveis de ensino

Independentemente do nível de ensino, o salário dos homens é mais elevado quando comparado com o das mulheres.

Esta disparidade salarial tem vindo a diminuir ao longo da última década para o ensino secundário e licenciaturas, mas mantém-se em 2018 no mesmo nível de 2010. A disparidade de género chegava, em 2018, a 28%, 38% e 32% para quem detinha o ensino secundário, licenciatura ou mestrado, respetivamente.

Mas será que as vantagens salariais associadas a níveis de escolaridade mais elevados são diferentes para homens e mulheres? Quando observadas as pessoas ao serviços em empresas como um todo, as licenciaturas compensam em termos salariais face ao ensino secundário para ambos os géneros, mas em particular para os trabalhadores do sexo masculino. É nos diferentes ciclos do ensino superior que há diferenças.

Enquanto o salário médio dos homens licenciados tem sido mais elevado que o dos homens mestres, para as mulheres assiste-se a uma convergência de salários entre os dois graus de ensino.

Estas tendências escondem certamente diferenças entre grupos etários, quer em termos de experiência no mercado de trabalho, quer em termos do tipo e da duração das licenciaturas e mestrados frequentados. O ampliar das diferenças salariais entre mestres e licenciados entre os trabalhadores mais jovens (25-34 anos) é observado tanto para homens como para mulheres, mas os homens não só têm salários mais elevados que as mulheres, como também viram essa diferença salarial entre níveis de educação superior alargar-se mais.

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DISPARIDADE SALARIAL ENTRE GÉNEROS: SALÁRIO DOS HOMENS MAIS ELEVADO EM 21% DO QUE O DAS MULHERES; 2018

Disparidade salarial entre homens e mulheres por nível de escolaridade e faixa etária

FONTES: Quadros de Pessoal (GEP/MTSSS) e FJN

NOTAS: Rácio entre o salário médio dos homens e mulheres por nível de escolaridade. Faixas etárias: 25-34 anos e todas as idades incluídas na base de dados original. Salário médio bruto mensal (equivalente a tempo completo) inclui remuneração base e prestações regulares. São considerados os salários das pessoas ao serviço em empresas do setor privado e do setor empresarial do estado.

O retorno salarial da educação superior difere entre áreas de estudo

Os benefícios salariais do ensino superior face ao ensino secundário são transversais a todas as áreas de estudo do ensino superior, mas com diferentes magnitudes. De facto, o salário médio das pessoas ao serviço em empresas que se formaram nas diversas áreas de estudo são muito díspares e não têm evoluído uniformemente nos últimos anos. Os valores dos salários não abrangem os trabalhadores da administração pública, onde alguns setores assumem especial preponderância (saúde e educação).

Os trabalhadores em empresas com formação nas áreas de ‘Tecnologias de informação e comunicação’, ‘Ciências empresariais e direito’ e ‘Engenharia, indústrias transformadoras e construção’ têm os salários mais elevados, uma realidade comum ao início da década. Já as áreas que pagam pior são ‘Educação’, ‘Artes e Humanidades’ e ‘Agricultura, silvicultura, pescas e ciências veterinárias’. A remuneração da área que paga melhor (Tecnologias) é mais do que 50% superior à que paga pior (Educação).

O decréscimo do salário real desde 2010 verifica-se em todas as áreas, com uma inversão de tendência a acontecer apenas nos anos mais recentes. O crescimento observado recentemente é mais acentuado nas áreas das ‘Tecnologias de informação e comunicação’, dos ‘Serviços, e da ‘Saúde e proteção social’.

Entre 2010 e 2018, também desceram as remunerações dos trabalhadores mais jovens, que em regra recebem salários mais baixos.

As áreas que mais compensam em termos salariais para os jovens são as mesmas das pessoas ao serviço em geral, com destaque para a área das Tecnologias, que esteve sempre na dianteira desde 2010, mas que ampliou a distância face às outras áreas graças a uma forte tendência de crescimento desde 2014. Em 2018, o salário médio da área de ‘Tecnologias de informação e comunicação’ era, no caso dos trabalhadores mais jovens, já superior a 15% em comparação à segunda mais bem remunerada (Engenharias) e a quase 60% em relação à menos bem remunerada (Educação). As mulheres auferem salários inferiores aos homens em todas as áreas de estudo, chegando essa disparidade salarial a ser de 95% na área dos Serviços.

A área com menos disparidade salarial é a das ‘Tecnologias’, acompanhada de perto pela ‘Educação” e pelas ‘Artes e humanidades’. Entre os mais jovens, as áreas em que ambos os géneros são melhor remunerados são as áreas das ‘Tecnologias’ e da ‘Saúde e proteção social’, com disparidades de género na ordem dos 13% e 16%, respetivamente, sempre a favor dos homens.

REMUNERAÇÃO DA ÁREA QUE PAGA MELHOR VS ÁREA QUE PAGA PIOR

Salário médio real dos trabalhadores com ensino superior por área de formação e faixa etária

FONTES: Quadros de Pessoal (GEP/MTSSS) e FJN

NOTAS: Faixas etárias - 25-34 anos e 25-64 anos. Salário médio bruto mensal (equivalente a tempo completo) a preços constantes de 2018. Inclui remuneração base e prestações regulares. São considerados os salários das pessoas ao serviço em empresas do setor privado e do setor empresarial do estado que tenham completado o ensino superior. As áreas de formação nos dados originais seguem a CITE 2011 e foram mapeadas para a classficação mais recente CITE-F 2013. Mapeamento no Anexo Metodológico.

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