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ESTADO DA NAÇÃO 2021
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As qualificações dos portugueses: um choque de gerações que ainda coloca o país na cauda da Europa _

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As qualificações dos portugueses: um choque de gerações que ainda coloca o país na cauda da Europa _

Portugal é o país da União Europeia com o maior gap inter-geracional em termos de educação

A população portuguesa ainda apresenta um grave défice de qualificações relativamente aos países europeus, sobretudo devido à falta de qualificação dos adultos mais velhos. Por sua vez, os jovens estão cada vez mais qualificados. O aumento das qualificações tem-se verificado de forma mais marcada nas mulheres.

1.1 _ A POPULAÇÃO PORTUGUESA APRESENTA UM GRAVE DÉFICE DE QUALIFICAÇÕES
1.2 _ POUCOS ADULTOS PARTICIPAM EM EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO
1.3 _ A NOTÁVEL REDUÇÃO DO ABANDONO ESCOLAR ESTÁ ASSOCIADA AO CRESCIMENTO DO ENSINO PROFISSIONAL
1.4 _ A MASSIFICAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR ENTRE OS MAIS JOVENS
1.5 _ ENTRE OS JOVENS, AS MULHERES COMPLETAM MAIS O ENSINO SUPERIOR DO QUE OS HOMENS

1.1 _ A população portuguesa apresenta um grave défice de qualificações

1.1 _ A POPULAÇÃO PORTUGUESA APRESENTA UM GRAVE DÉFICE DE QUALIFICAÇÕES
1.2 _ POUCOS ADULTOS PARTICIPAM EM EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO
1.3 _ A NOTÁVEL REDUÇÃO DO ABANDONO ESCOLAR ESTÁ ASSOCIADA AO CRESCIMENTO DO ENSINO PROFISSIONAL
1.4 _ A MASSIFICAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR ENTRE OS MAIS JOVENS
1.5 _ ENTRE OS JOVENS, AS MULHERES COMPLETAM MAIS O ENSINO SUPERIOR DO QUE OS HOMENS

Cerca de metade dos adultos portugueses não concluiu o ensino secundário

Portugal apresenta uma população significativamente menos escolarizada do que a generalidade dos países europeus.

Em 2019, eram quase 50% os portugueses dos 25 aos 64 anos que não tinham o ensino secundário completo.  

Portugal partilhava essa característica com outros países do Sul da Europa (Malta, Espanha e Itália) mas de forma mais extrema, tendo a pior prestação entre os países da União Europeia.

A percentagem de baixas qualificações na Grécia, por exemplo, era inferior a 25% - valor próximo da média da União Europeia - e chegava a ser inferior a 10% em países como a Finlândia, mas também como em países do leste europeu como a Letónia, República Checa, Polónia, Eslováquia e Estónia.

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PORTUGUESES (25-64 ANOS) SEM ENSINO SECUNDÁRIO COMPLETO; 2019

Pouco mais do que 25% dos adultos portugueses completou o ensino superior

Nas qualificações mais elevadas, Portugal aparece melhor posicionado. A evolução na última década foi muito positiva, na ordem dos 10 pontos percentuais, mas Portugal continua a ser um dos países com menor percentagem de adultos com ensino superior.

Em 2019, apenas cerca de 1 em cada 4 portugueses entre os 25 e os 64 anos tinha completado o ensino superior (26,3%). Mesmo que Portugal continue a ser um dos países com pior desempenho neste indicador, a diferença para os países do sul europeu é menos significativa do que no caso do ensino secundário.

Portugal, tal como a Espanha ou a Irlanda, caracteriza-se por uma aceleração relativamente rápida dos níveis de ensino superior, reflexo da generalização de percursos de ensino mais avançados entre os mais jovens.

Ainda assim, os níveis deste nível de ensino na população ativa em Portugal são baixos quando comparados com países como a Irlanda, o Luxemburgo e a Finlândia, que contam com mais de 45% da população entre os 25 e os 64 anos com o ensino superior. 

Adultos por nível de escolaridade e país, 2019

FONTES: Eurostat e FJN

NOTAS: Adultos dos 25 aos 64 anos. Classificação dos níveis de ensino no Anexo Metodológico.

Mas houve melhorias significativas e os jovens estão cada vez mais qualificados

Apesar deste défice, Portugal assistiu a uma melhoria substancial dos índices de qualificações da população na última década.

Em 2011, 65,6% dos adultos (25-64 anos) tinham no máximo o ensino básico, valor que diminui para os 44,6% em 2020. Esta queda foi acompanhada pelo aumento muito semelhante da população com o ensino secundário ou superior. O aumento de 2011 para 2020, foi de 17,3% para 27,2% no caso do ensino secundário, e de 17,1% para 28,2% em 2020.

O avanço foi mais pronunciado nas faixas etárias mais jovens (25-34 anos). Em 2011, cerca de 44% não tinha concluído o ensino secundário, valor que baixou para os 21% em 2020. Entre 2011 e 2020, a percentagem de jovens entre os 25 e os 34 anos que concluíram o ensino secundário ou pós-secundário e o ensino superior acelerou em 8,9 e 14,5 pontos percentuais, respetivamente.

É entre os jovens em idade ativa (25-34 anos) que o crescimento do nível de educação é mais visível, efeito do alargamento da escolaridade obrigatória até aos 18 anos ou conclusão do ensino secundário, implementado em 2009.

População RESIDENTE Por nível de escolaridade e faixa etária

FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN

NOTAS: Faixas etárias - adultos (25-64 anos) e jovens adultos (25-34 anos). Classificação dos níveis de ensino no Anexo Metodológico.

Resultado: um forte gap inter-geracional

O resultado da massificação do ensino secundário e do ensino superior entre os mais jovens, aliado ao histórico défice de qualificações da sua população ativa, faz com que:

Portugal é o país com diferenças inter-geracionais mais fortes nos níveis de qualificações da sua população ativa.

Em Portugal, a percentagem dos jovens (25-34 anos) e dos adultos mais velhos (35-64 anos) com pelo menos o ensino secundário completo era, em 2019, de 75,2% e 46,5%, respetivamente - uma diferença de 28,7 pontos percentuais. Na média da União Europeia, as qualificações de ambos os grupos são mais elevadas e mais próximas entre si (84,5% para os jovens e 76,6% para os mais velhos), com um hiato de apenas 7,9 pontos percentuais.

Esta grande diferença inter-geracional em Portugal poderá ser responsável por desafios à integração dos mais jovens no mercado de trabalho, relacionados por exemplo com os níveis de qualificação das chefias. 46% dos empregadores portugueses tem no máximo o 9º de escolaridade, o valor mais alto de todos os países europeus. Esta falta de qualificações dos empregadores tem implicações na resposta às constantes alterações do mundo do trabalho, como na adoção de novas tecnologias ou formas de organização do trabalho. Neste sentido, é natural que os fortes défices educativos que caracterizaram Portugal no passado continuem a ter efeitos no presente e no futuro.

População residente com pelo menos o ensino secundário completo por faixa etária e diferença entre as faixas etárias por país, 2019

FONTES: Eurostat e FJN

NOTAS: Faixas etárias - 35-64 anos e jovens adultos (25-34 anos). A diferença entre faixas etárias corresponde à diferença entre o valor dos jovens adultos e dos 35-64 anos. Classificação dos níveis de ensino no Anexo Metodológico.

1.2 _ Poucos adultos participam em educação e formação

1.1 _ A POPULAÇÃO PORTUGUESA APRESENTA UM GRAVE DÉFICE DE QUALIFICAÇÕES
1.2 _ POUCOS ADULTOS PARTICIPAM EM EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO
1.3 _ A NOTÁVEL REDUÇÃO DO ABANDONO ESCOLAR ESTÁ ASSOCIADA AO CRESCIMENTO DO ENSINO PROFISSIONAL
1.4 _ A MASSIFICAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR ENTRE OS MAIS JOVENS
1.5 _ ENTRE OS JOVENS, AS MULHERES COMPLETAM MAIS O ENSINO SUPERIOR DO QUE OS HOMENS

Aprendizagem ao longo da vida: uma realidade que teima em não aumentar

A participação de adultos na aprendizagem ao longo da vida é urgente face às mudanças do mercado de trabalho e tecnológicas verificadas nas últimas décadas. Entre elas, a transformação digital e a generalização da automação dos processos provocaram alterações qualitativas no perfil da procura de competências.

Em 2020, a percentagem de adultos portugueses que reportou ter participado em educação ou formação nas semanas anteriores ao inquérito reflete esta urgência. Foi de apenas 10% e diminuiu 1,5 pontos percentuais comparativamente a 2011. Não há diferenças muito significativas entre homens e mulheres: em 2020, a percentagem de homens e mulheres que participaram em educação e formação foi de 9,6% e 10,4%, respetivamente.

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ADULTOS PORTUGUESES QUE PARTICIPARAM EM EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO, 2020

Adultos que participaram em programas de educação ou formação por sexo

FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN

NOTAS: Adultos dos 25 aos 64 anos. A participação diz respeito às últimas 4 semanas antes do inquérito. Aprendizagem ao longo da vida: Todas as atividades de aprendizagem intencional ou não, desenvolvidas ao longo da vida, em contextos formais, não-formais ou informais, com o objetivo de adquirir, desenvolver ou melhorar conhecimentos, aptidões e competências, no quadro de uma perspetiva pessoal, cívica, social e/ou profissional.

Um valor baixo, mas próximo da média europeia

Os dados internacionais mais recentes são de 2019. Nesse ano, foram 10,5% os adultos em Portugal que participaram em educação e formação nas semanas anteriores ao inquérito. Embora este valor seja essencialmente igual à média europeia, que se fixou em 10,8%, é particularmente preocupante para Portugal dado o grave défice de qualificações dos adultos. A fraca participação na aprendizagem ao longo da vida poderá resultar de uma falta de interesse da população adulta, de falta de orientação e de uma fraca oferta educativa orientada a este público, que procura formação mais especializada e tem restrições temporais, geográficas e financeiras.

Nem Portugal nem a Europa atingiram a meta que a União Europeia tinha estabelecido para este indicador em 2020: 15% de adultos entre os 25 e os 64 anos a participarem em educação ou formação.

Um padrão comum aos países europeus é o facto de a taxa de participação ser superior entre os adultos com mais escolaridade, ou seja, entre os diplomados do ensino superior. Em Portugal, entre os adultos com este nível de escolaridade, a taxa de participação na aprendizagem ao longo da vida foi de 21,2%, um valor superior à generalidade da população em 10,1 pontos percentuais.

Considerando apenas este grupo com qualificações superiores, a participação em Portugal é superior em 2,5 pontos percentuais à média europeia (18,7%). Este resultado mostra que os diplomados do ensino superior beneficiam, não só por possuírem um nível de educação mais elevado no início da sua carreira profissional, mas também pela sua maior participação em formação ao longo da sua vida ativa. A percentagem de adultos menos escolarizados (apenas com o ensino básico) que participam em educação e formação é muito menor (4,2%) e próximo da média europeia (4,3%).

Adultos que participaram em programas de educação ou formação por nível de escolaridade e sexo, 2019

FONTES: Eurostat e FJN

NOTAS: Adultos dos 25 aos 64 anos. A participação diz respeito às últimas 4 semanas antes do inquérito. Aprendizagem ao longo da vida: Todas as atividades de aprendizagem intencional ou não, desenvolvidas ao longo da vida, em contextos formais, não-formais ou informais, com o objetivo de adquirir, desenvolver ou melhorar conhecimentos, aptidões e competências, no quadro de uma perspetiva pessoal, cívica, social e/ou profissional. Classificação dos níveis de ensino no Anexo Metodológico.

1.3 _ A notável redução do abandono escolar está associada ao crescimento do ensino profissional

1.1 _ A POPULAÇÃO PORTUGUESA APRESENTA UM GRAVE DÉFICE DE QUALIFICAÇÕES
1.2 _ POUCOS ADULTOS PARTICIPAM EM EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO
1.3 _ A NOTÁVEL REDUÇÃO DO ABANDONO ESCOLAR ESTÁ ASSOCIADA AO CRESCIMENTO DO ENSINO PROFISSIONAL
1.4 _ A MASSIFICAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR ENTRE OS MAIS JOVENS
1.5 _ ENTRE OS JOVENS, AS MULHERES COMPLETAM MAIS O ENSINO SUPERIOR DO QUE OS HOMENS

Cada vez menos jovens abandonam a escola

Em 2020, cerca de 8,9% dos jovens entre os 18 e os 24 anos não tinham completado o ensino secundário, não se encontravam a estudar nem participaram em qualquer tipo de formação. São jovens que abandonam a escola sem qualquer qualificação que os prepare para o mercado de trabalho.

A evolução deste indicador desde o início da década representa uma das evoluções mais relevantes verificadas na educação em Portugal. Em 2011, o mesmo indicador fixava-se nos 23%. Esta evolução é particularmente positiva e está associada às melhorias verificadas na conclusão do ensino secundário e da progressão para o ensino superior. Este desenvolvimento está, certamente, associado ao alargamento da escolaridade obrigatória até aos 18 anos de idade em 2009 e, igualmente, à organização do ensino secundário com a expansão do ensino profissional.

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JOVENS ENTRE OS 18 E OS 24 ANOS EM ABANDONO ESCOLAR; 2020

Taxa de abandono escolar precoce por sexo

FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN

NOTAS: Abandono escolar precoce: População residente com idades entre 18 e 24 anos que não concluíram o ensino secundário e não estão a participar em nenhum tipo de educação (formal ou não formal). A taxa de abandono é o rácio entre esta população e o total da população da faixa etária 18-24 anos.

Há assimetrias relevantes dentro do nosso país

Apesar desta descida, há realidades muito díspares entre géneros e regiões de Portugal. A taxa de abandono precoce diminuiu para homens e mulheres, mas continua a ser mais significativamente mais elevada entre os homens. E essa diferença entre géneros aumentou ao longo da última década. Em 2020, a taxa de abandono precoce dos homens era cerca de 2,5 vezes superior à das mulheres (12,6% vs. 5,1%), o que compara com 1,6 vezes em 2011, mesmo significando na altura uma diferença de cerca de dez pontos percentuais (28,1% vs. 17,7%). Outra dimensão com diferenças significativas diz respeito à incidência do abandono escolar nas regiões do território nacional. Em 2019, foi nas regiões dos Açores, do Algarve e do Alentejo que se registaram as taxas de abandono acima da média nacional: 28,3%, 19,9% e 12,7%, respetivamente. Na região Centro, por outro lado, apenas cerca de 8% dos jovens destas idades estavam nesta situação.

Portugal ultrapassa a meta estabelecida pela União Europeia

A União Europeia estabeleceu como meta para 2020 a taxa de abandono escolar precoce ficar abaixo dos 10%. Portugal partiu numa posição bastante desfavorável, conseguiu recuar cerca de 14 pontos percentuais em apenas 9 anos, tendo mesmo ultrapassado a meta definida em 2020 (8,9%).

Os dados internacionais mais recentes são de 2019 e revelam que Portugal apresentou valores de abandono escolar precoce mais elevados do que a generalidade dos países europeus, ainda que relativamente próximos da média da Europa a 27, que se fixou nos 10,2%. Portugal tinha valores muito próximos de países como a Alemanha, e significativamente inferiores relativamente a países como a Itália, Bulgária, Roménia e Espanha.

Fica claro que a maior incidência de abandono precoce entre os homens é o principal impeditivo para uma performance ainda melhor neste indicador e justifica o atraso de Portugal face a um conjunto de países europeus. Portugal está mais próximo dos países com pior desempenho no caso dos homens, com exceção da Espanha, que possui valores muito mais elevados do que a generalidade dos países. Já no caso das mulheres, Portugal compara muito melhor, apresentando valores inferiores à média europeia e significativamente inferiores a países como a Alemanha, Itália e Espanha.

Taxa de abandono escolar precoce por país e sexo, 2019

FONTES: Eurostat e FJN

NOTAS: Abandono escolar precoce: População residente com idades entre 18 e 24 anos que não concluíram o ensino secundário e não estão a participar em nenhum tipo de educação (formal ou não formal). A taxa de abandono é o rácio entre esta população e o total da população da faixa etária 18-24 anos.

Uma evolução acompanhada pela expansão do ensino profissional

A redução da taxa de abandono escolar traduziu-se na generalização do ensino secundário, cuja conclusão aumentou consecutivamente entre 2011 e 2019. Neste último ano, 37,9% dos jovens entre os 25 e os 34 anos tinham como nível de educação mais elevado o ensino secundário. Este aumento foi acompanhado por um reforço do ensino profissional, particularmente notório a partir de 2005, quando a sua oferta foi generalizada às escolas públicas, e foi sendo reforçado nos anos seguintes com o objetivo de combater o insucesso e abandono escolar. Ao longo dos anos, o ensino profissional ganhou terreno aproximando-se dos níveis do ensino geral, ou seja, dos cursos científico-humanísticos vocacionados para o prosseguimento de estudos de nível superior.

Se em 2014 o ensino profissional representava 38% da população com o ensino secundário, em 2019 esse valor era já de 50%. No entanto, está ainda abaixo da média da União Europeia, onde 3 em cada 4 indivíduos completou o ensino secundário pela via profissionalizante. Na Europa, esta via é particularmente relevante nos países com uma forte presença do ensino dual, onde há uma grande articulação entre o ensino vocacional e o tecido empresarial na definição das necessidades de competências e na própria formação dos alunos.

Jovens adultos por orientação do ensino secundário (geral ou vocacional) em Portugal e na União Europeia

FONTES: Eurostat e FJN

NOTAS: São considerados os jovens adultos dos 25 aos 34 anos, cujo nível de escolaridade máxima é o ensino secundário. Classificação dos níveis de ensino no Anexo Metodológico.

1.4 _ A MASSIFICAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR ENTRE OS MAIS JOVENS

1.1 _ A POPULAÇÃO PORTUGUESA APRESENTA UM GRAVE DÉFICE DE QUALIFICAÇÕES
1.2 _ POUCOS ADULTOS PARTICIPAM EM EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO
1.3 _ A NOTÁVEL REDUÇÃO DO ABANDONO ESCOLAR ESTÁ ASSOCIADA AO CRESCIMENTO DO ENSINO PROFISSIONAL
1.4 _ A MASSIFICAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR ENTRE OS MAIS JOVENS
1.5 _ ENTRE OS JOVENS, AS MULHERES COMPLETAM MAIS O ENSINO SUPERIOR DO QUE OS HOMENS

Portugal converge para a média europeia na conclusão do ensino superior

Em 2020, perto de 42% dos jovens entre os 25 e os 34 anos tinha completado o ensino superior, o que representa um ganho de 14,5 pontos percentuais face a 2011.

O ritmo de aceleração na última década foi claramente superior em Portugal face à média europeia, permitindo que os índices de qualificação dos mais jovens tenham convergido rapidamente com os dos seus congéneres europeus. Ainda assim, em 2019, continuavam a existir diferenças importantes. Nesse ano, Portugal apresentava um valor de 37%, que comparava com 42%, 47% e 55% da Grécia, Espanha e Irlanda, respetivamente.

Por outro lado, a taxa de conclusão do ensino superior é maior para os jovens portugueses quando comparados com outros países caracterizados por uma forte presença do ensino vocacional bem articulado com as empresas. Um exemplo é a Alemanha, onde a transição para o mercado de trabalho é semelhante entre os que seguem esta via profissionalizante e os que optam pelo ensino superior.

Jovens adultos com ensino superior por país

FONTES: Eurostat e FJN

NOTAS: Jovens adultos dos 25 aos 34 anos. Classificação dos níveis de ensino no Anexo Metodológico.

A crescente importância dos mestrados

A progressiva massificação do ensino superior entre os mais jovens não tem sido feita de forma homogénea entre os vários ciclos de ensino. A principal tendência de transformação do ensino superior na última década incidiu no contínuo aumento da importância relativa dos mestrados. Essa tendência foi claramente acelerada pela transformação das anteriores licenciaturas de cinco anos em licenciaturas mais curtas ou mestrados integrados no âmbito do denominado processo de Bolonha. Os seus efeitos começaram a fazer-se sentir no início da década de 2010.

A evolução da percentagem da população jovem (dos 25 aos 34 anos) por nível de escolaridade completa revela que os mestrados são os principais protagonistas da última década.

Em 2011, cerca de 3,7% da população entre os 25 e os 34 anos de idade tinha atingido este nível de ensino. No ano de 2020 a percentagem foi de 15,3%. A esta subida corresponde uma relativa estabilidade da proporção desta população com formação ao nível da licenciatura, em torno dos 25%. Como consequência, em 2020 os mestres correspondiam já a 36% dos diplomados do ensino superior destas idades, comparável com um valor de 13,6% em 2011.

A percentagem de doutorados neste segmento etário é ainda muito baixa, tal como as formações em cursos de mais curta-duração de natureza técnica, que apenas foram criados em 2014 e constituem ainda uma novidade.

2020

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POPULAÇÃO DIPLOMADA (25-34) COM MESTRADO EM 2020 VS 2011

Maioria dos diplomados ainda são de “primeira geração”

A massificação do ensino superior tem conseguido atrair jovens de famílias sem histórico de ensino superior, traduzindo-se numa mobilidade educacional ascendente nas próprias famílias que se esperaria pudessem ser passes para o elevador social.

Os históricos atrasos educacionais da população portuguesa e o ritmo de expansão do ensino superior entre os mais jovens nos tempos mais recentes justificam que a maioria dos diplomados do ensino superior provenha de um contexto familiar em que nenhum dos pais tem ensino superior.

Nos dados mais recentes (2016 a 2018), este era o caso para 70% dos diplomados do ensino superior. Desde o início da década, tem-se verificado uma acentuada melhoria deste indicador, na sequência da expansão do ensino superior. Ainda assim, este valor coloca Portugal a par da Polónia e da Itália, no grupo de países europeus em que a percentagem de diplomados jovens provenientes de famílias sem níveis de escolaridade superior é maior.

O facto de continuar a haver uma elevada percentagem de estudantes de ‘primeira geração’ acarreta alguns desafios como a gestão das expectativas quanto à experiência educativa e a escolha de percursos formativos mais promissores.

Jovens adultos com ensino superior por nível de escolaridade dos pais e por país, 2016-2018

FONTES: Inquérito Social Europeu (ERIC) e FJN

NOTAS: Jovens adultos dos 25 aos 34 anos. Classificação dos níveis de ensino no Anexo Metodológico.

1.5 _ ENTRE OS JOVENS, AS MULHERES COMPLETAM MAIS O ENSINO SUPERIOR DO QUE OS HOMENS

1.1 _ A POPULAÇÃO PORTUGUESA APRESENTA UM GRAVE DÉFICE DE QUALIFICAÇÕES
1.2 _ POUCOS ADULTOS PARTICIPAM EM EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO
1.3 _ A NOTÁVEL REDUÇÃO DO ABANDONO ESCOLAR ESTÁ ASSOCIADA AO CRESCIMENTO DO ENSINO PROFISSIONAL
1.4 _ A MASSIFICAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR ENTRE OS MAIS JOVENS
1.5 _ ENTRE OS JOVENS, AS MULHERES COMPLETAM MAIS O ENSINO SUPERIOR DO QUE OS HOMENS

As mulheres são mais qualificadas que os homens

Em 2020, cerca de 82% das mulheres entre os 25 e os 34 anos tinha pelo menos o ensino secundário completo. O valor correspondente para os homens era cerca de 6 pontos percentuais mais baixo (76%).

Este gap entre géneros diminuiu em quase 6 pontos quando comparado com 2011, graças a melhorias em ambos os géneros tanto na conclusão do ensino secundário como na conclusão do ensino superior. No entanto, fica claro que a generalização dos níveis de ensino mais elevados entre os mais jovens tem vindo a ser feita de forma marcadamente diferente entre homens e mulheres.

A massificação do ensino superior tem sido muito mais rápida entre as mulheres. Em 2020, quase 50% das mulheres entre os 25 e os 34 anos tinha completado um curso superior, sendo o valor para os homens cerca de 15 pontos percentuais mais baixo (34,6%). É muito menos comum que as mulheres interrompam os estudos depois da conclusão do ensino secundário – em 2020, apenas 33% tinham o ensino secundário como o grau mais elevado.

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das mulheres tinham, em 2020, pelo menos o ensino secundário completo _

Jovens adultos por nível de escolaridade e sexo

Fontes: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN

NOTAS: Jovens adultos dos 25 aos 34 anos. Classificação dos níveis de ensino no Anexo Metodológico.

O forte aumento do nível da escolaridade entre os homens tem acontecido muito mais por influência da generalização do ensino secundário. Em 2020, cerca de 41% dos homens mais jovens (entre os 25 e os 34 anos) tinham este nível de educação completo, que compara com 33% das mulheres. A conclusão do ensino secundário pela via profissional é mais frequente entre os homens, uma diferença que se tem vindo a alargar nos anos mais recentes. Em 2019, 48% dos homens entre os 20 e os 34 anos com o ensino secundário tinha concluído o ensino profissional, 6 pontos mais do que o verificado nas mulheres.

Jovens entre os 20 e 34 anos por nível de escolaridade, incluindo orientação do ensino secundário, e sexo

FONTES: Eurostat e FJN

NOTAS: Classificação dos níveis de ensino no Anexo Metodológico.

O sexo feminino é o mais representado entre os mestres e os doutorados

As mulheres também têm contribuído mais para o aumento significativo do número total de mestres nos últimos anos. A progressiva substituição da licenciatura pelo mestrado como nível desejado de qualificações é claramente mais forte entre as mulheres.

Já no início da década, os mestres eram mais mulheres que homens, mas essa vantagem alargou-se e as mulheres entre os 25 e os 34 anos representavam, em 2020, 60% dos mestres em Portugal na mesma faixa etária.

Já ao nível dos doutoramentos, e mesmo que as mulheres sejam também a maioria, o crescimento recente tem sido impulsionado sobretudo por homens.

As diferentes escolhas de áreas de estudo no ensino superior entre os homens e as mulheres

A desproporção entre géneros na escolha de percursos de ensino não se faz de forma uniforme nas diferentes áreas de estudo. Em 2019, a maioria das mulheres privilegiou sobretudo as áreas da ‘Saúde e Proteção Social’ e ‘Educação’, mas também ‘Ciências Sociais, Informação e Jornalismo’, ‘Artes e Humanidades’, ‘Ciências Empresariais e Direito’. A área com maior número de diplomados, ‘Ciências Empresariais e Direito’, é igualmente um importante motor da feminização da mão-de-obra mais qualificada em Portugal, mesmo que a desproporção de género não seja tão elevada. Pelo contrário, as áreas da ‘Engenharia, Indústria Transformadora e Construção’, sendo também muito representativas no universo de diplomados do ensino superior, são ainda claramente dominadas por homens.

População com ensino superior por área de formação, sexo e faixa etária, 2019

FONTES: Inquérito ao Emprego (INE) e FJN

NOTAS: Faixas etárias - 25-34 anos, 25-64 anos, 35-64 anos. Classificação das áreas de formação de acordo com a CITE-F 2013 no Anexo Metodológico.

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