A educação e formação são a chave da sociedade do conhecimento _

A educação e formação são a chave da sociedade do conhecimento _

Numa sociedade do conhecimento a principal fonte de desenvolvimento económico e social é o Conhecimento.
A educação e a formação ocupam um papel central nestas sociedades para garantir que todos adquirem, utilizam e aplicam conhecimento e o atualizam ao longo da vida. A nível individual, maiores níveis de formação de base e ao longo da vida, potenciam a empregabilidade, a realização pessoal e o bem-estar. Ao nível do país, a aposta na educação e formação é crucial para acompanhar e promover progressos tecnológicos, aumentar a produtividade e ganhar vantagens competitivas em setores inovadores e produtivos - fundações para o desenvolvimento económico e social.
_ Portugal do conhecimento onde estamos?

Nas últimas décadas, a evolução de Portugal na educação, no emprego e nas competências tem sido, em geral, muito positiva. No entanto, ainda subsistem enormes desafios para que Portugal se transforme numa verdadeira sociedade do conhecimento, aos quais se juntam agora os desafios resultantes da Covid-19 e da incerteza gerada pela guerra na Ucrânia.
No Estado da Nação de 2021, a FJN apresentou a situação de Portugal face a metas aspiracionais para 2040 em 3 eixos de indicadores-chave de uma sociedade do conhecimento - educação, emprego e alinhamento entre educação e emprego.

META EMPREGO
Em 2040, ambicionamos que Portugal esteja nos 10 países da União Europeia com mais emprego em tecnologia e conhecimento
De 2020 para 2021, Portugal passou da 19ª para 16ª posição do ranking dos países da UE com maior peso do emprego em setores tecnológicos e intensivos em conhecimento. Estes setores viram aumentar quer o seu volume de emprego quer o seu peso no emprego de 40% em 2019 para 41,2% em 2020 e 45,2% em 2021.

O avanço no ranking é significativo e deveu-se à eventual resposta diferente nos restantes países da UE, sendo por isso necessário acompanhar a evolução deste indicador nos próximos anos para podermos aferir se esta evolução foi estrutural ou conjuntural.
META ALINHAMENTO - ADULTOS
Em 2040, ambicionamos que pelo menos 25% dos adultos participem em educação e formação
Entre 2019 e 2021, a percentagem de adultos que participam em educação e formação aumentou em 2,4 pontos percentuais, chegando quase aos 13%. Esta evolução dever-se-á às políticas públicas de apoio à formação como parte do conjunto de medidas de apoio ao emprego.

No entanto, a desagregação por nível de escolaridade revela que este aumento aconteceu apenas à custa dos mais qualificados. O valor para os menos escolarizados ficou igual ao de 2019.
META EDUCAÇÃO - ADULTOS
Em 2040, ambicionamos que os adultos com baixa escolaridade sejam no máximo 15%.
Em 2021, 40,5% da população adulta tinha baixa escolaridade o que representa uma queda muito acentuada face aos 44,6% de 2020 e aos 47,8% de 2019. Esta é uma evolução natural à medida que as gerações mais velhas e menos qualificadas vão sendo substituídas pelas gerações mais novas e qualificadas.
Os 40,5% de adultos com baixa escolaridade continuam a colocar Portugal na cauda da Europa, que tem um valor médio de apenas 20,7%.

META EDUCAÇÃO - JOVENS
Em 2040, ambicionamos que pelo menos 60% dos jovens adultos tenham completado o ensino superior.
As qualificações dos jovens adultos aumentaram de forma muito significativa. O ensino superior continuou a subir de 37,4% em 2019, 41,9% em 2020 para 47,5% em 2021. Mas ter um grau de escolaridade não se traduz necessariamente em mais e melhores competências:
A pandemia afetou as aprendizagens em todos os níveis de ensino e é necessário avaliar a transição para o mercado de trabalho desta geração mais qualificada, para que a produtividade do país possa convergir com a UE.

META ALINHAMENTO - JOVENS
Em 2040, ambicionamos que pelo menos 90% dos jovens recém-formados estejam empregados
Em 2021, apenas 74,2% dos jovens entre os 20 e os 34 anos que tinham completado um nível de escolaridade nos últimos 3 anos (secundário ou superior), estavam empregados, o que representa uma queda acentuada face aos 77,5% de 2019, mas já uma ligeira melhoria face a 2020 (72,8%).
Estes valores sinalizam que os jovens foram um dos grupos mais afetados pela pandemia, com implicações de longo prazo e ao longo de toda a carreira profissional.

em 2040, ambicionamos ...
Um curto espaço de tempo, particularmente marcado por um choque inédito, é ainda insuficiente para se concluir se as alterações – quer positivas quer negativas – são temporárias ou permanentes. É necessário corrigir caminhos e continuar a acelerar o ritmo de progresso para esses objetivos de longo prazo com uma ação concertada que promova a educação, o emprego e o alinhamento entre educação e mercado de trabalho.
EDUCAÇÃO

ALINHAMENTO EDUCAÇÃO-EMPREGO

EMPREGO



Uma diminuição de 26 pontos percentuais face a 2021 (40,5%).

Um aumento de 13 pontos percentuais face a 2021 (47,5%).


Um aumento de 12 pontos percentuais face a 2021 (12,9%).

Um aumento de 16 pontos percentuais face a 2021 (74,2%).


Uma melhoria de 6 posições face ao ranking de 2021 dos países da União Europeia com maior peso do emprego intensivo em tecnologia e conhecimento (16ª posição).
Os desafios persistem apesar da evolução positiva da maioria das metas para 2040 _
O mercado de trabalho mudou durante a pandemia e, apesar de alguns setores e perfis de trabalhadores ainda não terem recuperado a situação pré-pandemia, foi bastante mais resiliente do que o inicialmente esperado.


setores intensivos em conhecimento e tecnologia _
O emprego ficou mais concentrado em setores intensivos em conhecimento e tecnologia, mas ainda há margem para crescer e tirar partido de uma geração jovem que se tem qualificado cada vez mais para este tipo de empregos.

empregos mais qualificados e digitais _
Esta dinâmica durante a pandemia também é evidente nas ofertas de emprego, que mostram que o mercado de trabalho teve maior dinamismo de procura por empregos qualificados e digitais e que os empregadores se tornaram mais exigentes ao requererem mais competências, principalmente digitais. Parece, por isso, estar a existir uma maior exigência do mercado de trabalho o que requer uma forte aposta do país, das empresas e dos indivíduos no reforço da formação de base e também ao longo da vida.

aumento da mobilidade _
A formação contínua torna-se ainda mais relevante à luz do aumento da mobilidade no mercado de trabalho, quer em termos de mudança de profissão como de empresa. Esta maior mobilidade foi abrandada pela pandemia, mas já tem estado a aumentar na segunda parte de 2021.
Os desafios estendem-se a jovens e adultos _
Se é verdade que a percentagem de adultos que participam em educação e formação aumentou durante a pandemia, esse aumento deixou de fora os menos qualificados que provavelmente mais beneficiariam de um aumento de qualificações e competências. Os adultos menos qualificados têm vindo a diminuir sobretudo graças à substituição natural de gerações, mas ainda representam uma fatia muito significativa da população adulta.
A geração mais jovem apresenta-se muito qualificada à entrada para o mercado de trabalho, mas cerca de 26% dos jovens recém-formados não têm emprego e 20% com ensino superior têm um emprego que requer menos do que o seu nível de escolaridade. Estas situações, bem como as perdas de aprendizagens resultantes da pandemia, terão implicações negativas ao longo de toda a vida ativa dos jovens e, necessariamente, para o país.
É necessário recuperar aprendizagens, apoiar os jovens e garantir incentivos para a educação e formação _
O maior incentivo para a aposta na educação é o ganho de rendimento e os salários portugueses são os sétimos mais baixos da União Europeia.
Em paridade de poder de compra, o rendimento médio dos trabalhadores portugueses com educação superior era menor do que o dos trabalhadores com o ensino secundário em 13 países da UE e do que os trabalhadores menos escolarizados em 5 países da UE.
Além dos salários baixos, na última década, os salários reais aumentaram apenas para os menos qualificados, alavancados pelo aumento do salário mínimo. Para os mais qualificados, a perda chegou aos 11%, o que se traduz numa diminuição relativa dos ganhos salariais associados a mais educação.
Ainda assim, continuar a estudar compensa, mesmo entre os mais jovens, mas Portugal arrisca-se a comprometer os incentivos das gerações vindouras a prosseguir os estudos, o que por sua vez comprometeria a produtividade, competitividade e crescimento económico do país.
É necessário criar um círculo virtuoso entre produtividade, salários e qualificações _
Aumentos salariais estão associados a aumentos sustentados da produtividade. Apesar do ligeiro aumento da produtividade portuguesa nos últimos anos, Portugal está a divergir da UE e nem o aumento assinalável das qualificações das gerações mais jovens inverteu esta tendência de divergência. O aumento das qualificações tem permitido aumentar a produtividade de vários setores, mas tem-se assistido a um desaproveitamento do talento português, a uma falta de aposta na aprendizagem ao longo da vida e a uma realocação do emprego para setores menos produtivos e pouco escaláveis, o que limita o potencial da produtividade do país. A produtividade depende, entre outros fatores, das qualificações da força de trabalho. Por sua vez, a decisão de apostar nas qualificações depende dos salários que, por seu lado, dependem da produtividade das empresas.
É urgente criar as condições para aumentar a produtividade e tornar esta cadeia num círculo virtuoso, de forma a melhorar as remunerações para todos, aumentar o ganho salarial associado a mais educação, continuar a haver incentivos à educação e garantir um futuro mais próspero para Portugal e para os portugueses a todos os níveis.
É necessário acelerar de forma sustentável o progresso em cada uma das metas e garantir uma ação concertada para:


Apostar nas qualificações dos jovens portugueses

garantir alinhamento entre educação e formação e necessidades do mercado de trabalho

Garantir o aproveitamento ótimo das qualificações existentes

apoiar os empregadores com baixas qualificações

Promover a aprendizagem ao longo da vida e requalificar a população com baixas qualificações

Acompanhar e antecipar as dinâmicas e necessidades do mercado de trabalho

Aumentar a produtividade das empresas e do país e agir estrategicamente para promover o emprego em setores mais produtivos

Promover a coordenação entre instituições de educação e as empresas para garantir oferta educativa adequada às necessidades

Garantir maior alinhamento e envolvimento de todos os atores – empresas, instituições de ensino e decisores políticos
Este caminho para o futuro
________________ terá que ser trabalhado por toda a sociedade e a FJN pretende, durante os próximos 18 anos, ser um dos contribuintes para estes esforços e ajudar a transformar Portugal numa sociedade do conhecimento

saber mais _