GUIA PARA O DESENVOLVIMENTO PESSOAL: COMO INVESTIRES NO TEU BEM-ESTAR?
GUIA PARA O DESENVOLVIMENTO pessoal: COMO INVESTIRES NO TEU BEM-ESTAR?
PARA TODOS OS PORTUGUESES QUE QUEREM SER A MELHOR VERSÃO DE SI MESMOS _
Desafiar os pré-conceitos sobre o sucesso pessoal e profissional é um passo determinante para investir no nosso bem-estar _
Desvalorizamos frequentemente a saúde mental e o bem-estar. Pensamos que o sucesso profissional trará automaticamente dinheiro. Acreditamos que não temos tempo para cuidar de nós. Mas a verdade é que o bem-estar é necessário para conseguirmos construir um futuro sólido e sustentável, com melhor saúde física e mental.
Atualmente, vivemos num mundo em que ter “mais” parece ser o melhor para o nosso futuro. Trabalhar mais, esforçarmo-nos mais, competirmos mais, comprar mais, ter mais dinheiro. Até certo ponto pode ser verdade. E quando chegamos àquele nível em que para alcançarmos “mais” temos que perder? Começamos a perder horas de sono, tempo com a família, abdicamos do desporto e deixamos de cuidar de nós. Será que querer sempre “mais” continua a ser o melhor caminho?
Muitos destes pensamentos e comportamentos sobre alcançarmos “mais” são potenciados por uma realidade pessoal e profissional cada vez mais exigente e individualista, que nos leva a querer sermos melhores para conseguirmos atingir o sucesso. No entanto, às vezes é preciso reajustar a forma como olhamos a realidade dos dias de hoje e determinarmos o que é realmente importante para nós.
A saúde mental e o bem-estar influenciam a forma como nos definimos, a maneira como nos relacionamos com os outros e a forma como organizamos a nossa vida e as nossas prioridades. Esta abordagem que prioritiza o bem-estar e reforça a saúde mental como base para nos sentirmos realizados, desafia-nos a questionar alguns dos ensinamentos que nos foram transmitidos sobre o que é importante alcançarmos na vida. Identificarmos as nossas emoções, refletirmos sobre os nossos pensamentos/comportamentos e percebermos se as estratégias que utilizamos para lidar com os desafios diários são adequadas, são fatores determinantes para termos “mais” de uma forma saudável e sustentável para o nosso bem-estar.
SEIS RECOMENDAÇÕES QUE TE PODEM AJUDAR _
Não há saúde sem saúde mental
_ Dependendo do percurso de vida de cada pessoa, as ferramentas para lidar com momentos de crise são diferentes, conduzindo a modos de reagir muito diversificados. De tal forma que, perante acontecimentos semelhantes, as pessoas podem ou não desenvolver doenças psiquiátricas. No entanto, quem se for atualizando ao longo da vida e for investindo na sua saúde mental estará melhor preparado para as alterações que inevitavelmente ocorrem ao longo da vida.
Aceita o bem-estar como um processo dinâmico
_ O bem-estar é um conceito amplo que está patente em quatro domínios: o bem-estar individual, o bem-estar familiar, o bem-estar comunitário e o bem-estar social. Não interessa o teu ponto de partida. O importante é persistires e nunca desistires, porque o bem-estar pleno é um processo dinâmico e em permanente construção que está dependente destes quatro domínios.
Identifica as tuas emoções
_ Identificares e lidares com as tuas emoções é um passo importante para o teu desenvolvimento pessoal. Explora e aumenta o teu conhecimento sobre as emoções para conseguires ser mais preciso(a) na sua identificação. Quando identificas uma emoção diferente da que estás realmente a sentir, acabas por encontrar uma solução que pode não ser a mais adequada. Dares o nome correto às emoções é a melhor forma de as abordares, identificares o problema e resolvê-lo.
Dá uma volta aos teus pensamentos
_ Ao longo da tua vida tiveste momentos de crise e de indecisão. É aí que surgem perguntas contantes do tipo “E se?”. Quando dás por ti, o foco do teu pensamento ficou pintado de vermelho, só te passam pela cabeça pensamentos negativos e já muito distantes da realidade. Nestes momentos é preciso parares e perceberes que o teu pensamento foi completamente tomado pelas tuas emoções. Sempre que o teu pensamento voltar a ser levado pelas emoções interrompe-o, focando a atenção num outro assunto (e.g., fala com alguém, recorre à meditação ou sai para uma corrida).
Procura as melhores estratégias para lidares com o que te perturba
_ Ao longo da tua vida ultrapassaste obstáculos e foste desenvolvendo estratégias para lidares com os desafios do dia-a-dia. No entanto, essas estratégias podem ter sido mais ou menos adaptativas dependendo do desafio. É importante pensares nas estratégias que aplicas diariamente e que podem ser desadaptativas para procurares soluções mais funcionais. Não fiques à espera de que as coisas aconteçam, começa já a mudar…
Foca-te no caminho
_ Existem muitos livros, programas e inúmeras opções de educação e formação para o bem-estar. Nem todos exigem o mesmo compromisso, nem requerem o mesmo tempo. Reflete sobre outros processos de aprendizagem que tenhas tido e tenta identificar aqueles que achaste mais interessantes para ti. Assim será mais fácil encontrar programas mais adequados aos teus objetivos e necessidades. Depois de tomares esta decisão, pensa como te vais sentir depois de conheceres mais de ti e no impacto que isso terá nas tuas relações e na tua vida.
... A Ansiedade e a Depressão são as perturbações mentais com maior incidência em Portugal e no mundo?
As perturbações mentais podem ter sintomas diferentes que resultam em manifestações diversas. Normalmente resultam da combinação de pensamentos, perceções, emoções, comportamentos individuais e sociais atípicos. Assim, as doenças psiquiátricas incluem ansiedade, depressão, doença bipolar, esquizofrenia e outras psicoses, demência e perturbações do desenvolvimento, tal como o autismo. Em Portugal e no mundo, a ansiedade e a depressão são as mais comuns.
… A Ansiedade e a Depressão podem custar cerca de 1 trilião de dólares por ano à economia mundial?
Contudo, do investimento que cada país faz por ano na saúde, apenas 2% é para a saúde mental. Em Portugal, no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) foi destinada uma verba de 88 milhões de euros para a Conclusão da Reforma de Saúde Mental e da Implementação da Estratégia para as Demências.
… Cerca de 20% das pessoas mundialmente vive com problemas de saúde mental?
Para além disso, cerca de 20% das crianças e adolescentes em todo o mundo têm um problema de saúde mental, sendo o suicídio a segunda principal causa de morte entre os 15 e os 29 anos.
... 1 em cada 5 Portugueses sofre de uma perturbação mental?
Este valor coloca Portugal como o segundo país da Europa com maior prevalência de doenças psiquiátricas. Além disso, este é o segundo tipo de doenças mais registado em Portugal (12% das doenças), apenas ultrapassado pelas doenças cardiovasculares (14% das doenças). Apesar disso, cerca de 65% dos portugueses com problemas de saúde mental não está a receber acompanhamento ou qualquer tipo de tratamento.
Porque é tão difícil falar de saúde mental?
A saúde mental está dependente de diversas variáveis, nomeadamente, aspetos emocionais, relações familiares, interações sociais e acontecimentos comunitários. No entanto, nem todos temos as mesmas ferramentas para lidar com os momentos de crise, por isso é que as pessoas reagem de formas tão diversificadas aos acontecimentos da vida. Acontecimentos semelhantes em pessoas diferentes podem ou não desencadear doenças psiquiátricas. Atualmente, estima-se que as doenças psiquiátricas afetem mais de um quinto da população portuguesa. Dentro das doenças psiquiátricas, a Depressão e a Ansiedade constituem um dos principais riscos para a saúde mental. É preocupante perceber que, no contexto europeu, a população portuguesa se situa no topo dos países com prevalência de perturbações mentais mais elevadas. Em Portugal, as doenças psiquiátricas têm uma prevalência anual de 23% e ao longo da vida pelo menos 43% dos portugueses desenvolvem algum tipo de doenças psiquiátricas.
Estima-se que as doenças psiquiátricas afetem mais de 1/5 da população portuguesa
Sem uma receita para a saúde mental surgem as perturbações mentais
Estou sem vontade de ir ter com os meus colegas, ISOLAMENTO; Sou incapaz de sentir o que quer que seja, estou tão cansado(a) que nada tem impacto em mim, CANSAÇO e APATIA; Será que a minha mãe está bem? Ainda lhe liguei há 10 minutos, mas talvez seja melhor passar em casa dela, HIPERPREOCUPAÇÃO; Hoje tenho reunião com a direção da empresa, não dormi nada esta noite, ANSIEDADE; Não te consigo ouvir mais, a culpa desta situação é toda tua, AGRESSIVIDADE/RAIVA.
Estas são expressões e palavras que podem fazer soar um alerta para a falta de saúde mental. É importante estares atento, cuidares do teu corpo e da tua mente, porque sem saúde mental aparecem as perturbações mentais.
As perturbações mentais não escolhem sexo, idade, profissão, estrato socioeconómico ou uma fase da vida. É relevante que se estimule o conhecimento sobre o papel das emoções, que se ensine que não é sinal de fragilidade experienciar e partilhar emoções negativas e que se passe a debater abertamente a importância da saúde mental. Para tal, é fundamental que os contextos educacionais, de trabalho, familiares, sociais e de informação deixem de ignorar esta temática. E tu podes ser um agente ativo nesta mudança!
Atenção!
Se te sentes demasiado ansioso(a), inquieto(a) e triste durante vários dias e a maior parte do dia. Se também já não consegues tirar prazer de atividades de que costumavas gostar e não te apetece estar com ninguém, porque tens a sensação de que não te vão compreender. Ou, se estás extremamente irritado(a) ou agressivo(a) e te sentes sobrecarregado(a), cansado(a), incapaz de pensar com clareza e fazer a tua rotina diária, PEDE AJUDA ESPECIALIZADA. Atualmente, já existem vários tipos de tratamento para as perturbações mentais, a Ansiedade e Depressão (as mais comuns) podem ser tratadas com recurso a medicamentos e /ou tratamento psicológico. Este guia não substitui a necessidade de um acompanhamento ou auxílio técnico e especializado. Fala com o teu Médico de Família, com um Psicólogo ou Psiquiatra. Em alternativa liga para a Linha de Aconselhamento Psicológico do SNS24 .
“Não há saúde sem saúde mental”
É a Organização Mundial da Saúde que o afirma. A saúde é um estado de bem-estar global: físico, psíquico e social que permite que as pessoas se realizem, bem como aos seus projetos. Por isso a saúde mental é tão importante para o nosso bem-estar quanto a saúde física.
Quando nos sentimos mentalmente bem, estudamos e/ou trabalhamos melhor, comunicamos mais e melhor com os outros, usufruímos melhor do nosso tempo livre e contribuímos de forma mais ativa para o nosso desenvolvimento e o da comunidade. Neste guia podes encontrar alguns recursos práticos para potenciares o teu desenvolvimento pessoal, social e profissional e sugestões para aprofundares o teu auto-conhecimento.
O bem-estar não é um conceito meramente abstrato. Tem uma estrutura que o define
O bem-estar é um conceito amplo que vai para além dos objetivos individuais e da saúde. Apesar do bem-estar ser comummente associado ao domínio individual, este objetivo só é atingido quando patente nestes quatro domínios: o bem-estar individual, o bem-estar familiar, o bem-estar comunitário e o bem-estar social.
Bem-estar individual
O bem-estar individual é central e inclui as tuas avaliações (positivas e negativas) sobre a tua vida, as tuas experiências físicas, psicológicas, espirituais e morais, bem como a tua carreira académica ou profissional, o teu estatuto social e económico. Este domínio do bem-estar dá-te o poder e a consciência para interpretares, projetares e desenvolver o que é para ti o bem-estar nos outros domínios.
Bem-estar familiar
A família molda-te e dá-te recursos, como amor, dinheiro, suporte e conhecimento, que podem aumentar ou diminuir o teu bem-estar individual. O bem-estar familiar é um conceito que inclui as tuas avaliações positivas e negativas sobre a satisfação com a vida, a segurança emocional e física e a qualidade das tuas relações interpessoais e intergeracionais.
Bem-estar comunitário
O bem-estar comunitário é um conceito menos subjetivo do que os dois domínios do bem-estar anteriores. Este terceiro domínio do bem-estar inclui as competências, bens e recursos para que sejas capaz de te desenvolveres a nível social, cultural e psicológico, assim como colmatares algumas das necessidades da tua família e até contribuir para o desenvolvimento da comunidade onde te inseres.
Bem-estar social
O bem-estar social não está dependente apenas de ti. Depende também dos objetivos coletivos e das tuas relações com os outros. Para sentires bem-estar social, primeiro deves assegurar que te sentes bem contigo mesmo(a). Se assim for, vai ser mais simples a tua integração na comunidade e tornares-te um membro ativo e participativo na sociedade.
O autoconhecimento como ferramenta de promoção do bem-estar individual
Quão bem te conheces? Consegues identificar o que te deixa triste e o que te anima? Quais são os teus objetivos pessoais e profissionais? Afinal, o que é o autoconhecimento?
O autoconhecimento é o conhecimento que tens acerca de ti próprio, que te ajuda a definires quem és e como deves agir em conformidade com a tua definição do ‘eu’. O desenvolvimento do autoconhecimento ajuda-te a identificar as tuas forças e as tuas fraquezas e a agir em função delas. Conhecendo o teu poder, sabes como tirar partido dele e sabendo dos teus limites, sabes melhor até onde podes ir, sem prejudicar o teu bem-estar. Quando te conheces, tens a capacidade de gerir melhor as tuas emoções, de te manteres motivado(a) e desenvolveres competências sociais, como as de liderança e o trabalho de equipa, entre outras. Pode parecer contraditório, mas o autoconhecimento não é uma característica inata, ou seja, não é algo que nasça connosco, tem de ser desenvolvido. O processo de desenvolvimento do teu autoconhecimento requer tempo, investimento pessoal e algum empenho, mas mais tarde vais perceber que este investimento vale a pena!
Identifica e lida com as tuas emoções
Identificares e lidares com as tuas emoções é um passo importante para o teu desenvolvimento pessoal, e, não sendo fácil, não é assim tão difícil como parece. Numa fase inicial é importante aumentares o teu conhecimento sobre as emoções para conseguires ser mais preciso(a) na sua identificação. Muitas vezes ao identificares de forma errada o que estás a sentir, acabas por encontrar uma solução que pode não ser a mais adequada. Por exemplo, raiva e ansiedade são duas emoções que facilmente se podem confundir, mas que têm origens diferentes, logo trazem mensagens diferentes e por isso exigem que as trates de formas diferenciadas. Investigação na área da saúde mental tem demonstrado que as pessoas com mais dificuldades em reconhecer e expressar as suas emoções, apresentam níveis baixos de bem-estar e mais sintomas físicos de ansiedade e stress, como dores de cabeça constantes, dificuldades respiratórias, sistemas imunitários mais débeis, entre outras. De facto, investires no teu vocabulário e conhecimento sobre as emoções ajuda-te a identificares o que estás a sentir, a determinares o acontecimento que despoletou essas emoções e qual a melhor forma de abordares e resolveres o problema.
enriquece o teu vocabulário sobre emoções _
Desafio: Desenvolve o teu vocabulário sobre as emoções
Inicia a tua pesquisa, pega num lápis e papel e escreve as emoções que já conheces. Completa a tua lista pesquisando em livros ou até no Google. Para te ajudar vamos deixar aqui alguns exemplos que podes utilizar como ponto de partida.
As emoções negativas e positivas são necessárias para darmos respostas adequadas às situações do dia-a-dia
Quando as emoções comandam os nossos pensamentos e comportamentos… O que poderá acontecer?
Já imaginaste acordar amanhã e só sentir emoções positivas? Parece algo bastante agradável, mas já pensaste no perigo que correrias sem a sensação de medo? O medo, por exemplo, é um mecanismo pré-histórico de sobrevivência. É o medo do fogo que nos impede de lá colocarmos a mão e nos queimarmos. Por isso, na devida medida, acabaste de ver como uma emoção negativa pode ser importante para o teu bem-estar. Todas as emoções, sejam elas positivas ou negativas, têm um papel importante e adaptativo, porque te dão informações sobre o que se passa à tua volta e motivam-te a agir da melhor forma, da maneira mais conveniente ao teu bem-estar. Quando sentes algo e ages em resposta ao que estás a sentir estás a adotar “comportamentos guiados pelas emoções”.
A grande nuvem das experiências emocionais
A lista em que tens estado a trabalhar, ajudou-te a tomares consciência da amplitude do teu vocabulário sobre as emoções e a perceberes a importância das emoções negativas. No entanto, a maioria das nossas experiências emocionais não são preto no branco, as emoções aparecem de tal forma misturadas que se torna difícil identificá-las, quanto mais perceber a mensagem que nos estão a tentar transmitir. As experiências emocionais podem ser fragmentadas em três componentes principais:
Como nos sentimos? Em que pensamos? Como agimos?
Organizares as tuas experiências emocionais nestes três componentes vai ajudar-te a clarificá-las